quarta-feira, 31 de março de 2010

Dia da Mentira e outras verdades



Amanhã é 1º de abril, o Dia da Mentira, e Páscoa ao mesmo tempo. Cheira a conspiração das brabas, envolvendo o Papa, Gepetto e a Fábrica de Chocolates Pan. Mas enquanto você resolve se acredita, e sobretudo se pega ou não a estrada para a farofa do feriadão, pense neste playlist apropriado do Mala da Lista: as dez melhores canções sobre a mentira. Se eu tiver falado alguma, por favor vá até ali embaixo e clique em “comentários”.



10-Babes in Toyland – “Bruise Violet” (1992)


Poucos marmanjos que se metem com rock sujo conseguem a potência deste trio de princesas de Minneapolis. Especialmente na hora de botar pra fora uma neurose ódio/amor de uma garota apontando as lorotas da outra (especulou-se por um tempo que a mal falada seria Courtney Love). Tão nervoso que passou no crivo de Beavis & Butthead (assista aqui ao imperdível momento em que Beavis entende “Fire!” no lugar de “Liar!”).





9-Erasmo Carlos – “Pega na Mentira” (1981)


Para descontrair um pouco, o Tremendão chamou “o seu amigo” Roberto Carlos para compor um rock baseado nas frases que simplesmente não poderiam ser verdade no Brasil de 1981. O mais legal é ver na letra quais assuntos Erasmo e o Rei colocaram em pauta: “Zico tá no Vasco, com Pelé”, “em Copacabana não tem argentino” e “beijei o beijoqueiro na televisão” são alguns dos sinais daqueles tempos.







8-John Lennon – “Give me Some Truth” (1971)


Arquitetada nas tumultuadas sessões de 1969 que resultariam no disco “Let it Be” (lançado em maio de 1970, quando os Beatles acabavam de anunciar seu fim), esta canção era mais um indício das diferenças entre os integrantes da banda. Via-se nos ensaios apenas Lennon realmente empolgado com sua letra raivosa, que disparava a todos os lados. Sobretudo à hipocrisia e às mentiras contadas por políticos, males para os quais John pedia “um pouco de verdade” como antídoto. Era tão dele a canção que acabou migrando para sua carreira solo.






7-Manu Chao – “Mentira” (1998)


O sample do antigo lamento mexicano “Llorona” (nos fóruns ninguém chega a uma conclusão sobre de quem é a versão, alguém aí sabe?) que aparece no minuto 2’24’’ é tão sensacionalmente bem encaixado com o resto do arranjo que quase rouba a cena. Quase. Não fosse a canção de Manu Chao uma das mais simples e inesquecíveis já escritas sobre o tema, onde há espaço até para um “todos es mentira, la verdad”.






6-Tom Zé – “Gene” (1998)


Uma pena que o vídeo não traga esta música na íntegra (ver a partir do minuto 1, com Tom Zé cantando cheio de pedaços de jornal na boca). Além do fantástico trecho que ele chupinou de outra composição sua, “O Sândalo”, de 1972 (“Faça suas orações uma vez por dia / Depois mande a consciência junto com os lençóis para a lavanderia”), fica faltando o outro ainda mais brilhante: “a gente já mente no gene /A mente do gene da gente”. Eu falo que o Tom Zé é subestimado como letrista...





5-The Troggs – “You're Lying” (1967)


Os heróis do garage rock inglês sabiam fazer barulho, mas também conseguiam falar de ciúmes e meninas mentirosas. “Você tenta fingir que eu sou seu único amor / Mas eu sei que você está mentindo”. Simples assim. Chacoalhado por um riff de guitarra matador, se transforma na mais pura verdade.







4-Fabio Góes – “Sem Mentira” (2006)


Neste post eu já discorri um pouco sobre essa e outras músicas de “Sol no Escuro”, primeiro disco de Góes. E talvez sua melhor qualidade seja mesmo o elemento “sem mentira”. O hall da música ganharia mais clássicos a cada dia se os compositores rodassem menos lâmpada e cantassem mais verdades como: “eu já fingi ser muito melhor /Eu aprendi a ser pior /Mas sem mentira”. O povo do seriado “Alice” gostou tanto que pôs na trilha sonora.






3-Marcos Valle – “Mentira” (1973)


Do Planet Hemp, que lhe surrupiou a base instrumental e o falsete “é mentira, chu-chu” para a música “Contexto”, aos diretores da bizarra novela argentina cujos trechos aparecem neste vídeo, não há quem resista à canalhice de Marcos Valle.







2-Leadbelly – “Where did You Sleep Last Night?” (1944)


O Nirvana fez possivelmente a mais famosa das versões desta canção de domínio público em seu mítico “Unplugged” de 1994. Mas meio século antes a lenda folk Leadbelly já acumulara uma porção de gravações do mesmo tema. E com o devido respeito às dores de corno de Kurt Cobain, há que se dobrar a Leadbelly quando ele pergunta a sua garota onde passou a última noite, implorando para que ela seja sincera. Na mitologia das canções, é elementar que ela dirá que dormiu em casa ou coisa do gênero. E, segundo os mesmos códigos, é evidente que estará mentindo.







1-Rollins Band – “Liar” (1994)


No mesmo show da Rollins Band sobre o qual falei neste outro post, vi Henry Rollins cantar a letra inteira desta música olhando nos olhos de uma garota que subira nas costas de algum mané. Imagino que a pobre deva ter passado um bom tempo traumatizada.


Este hino irônico e colérico sobre pessoas mentirosas aparece em boas versões ao vivo no Youtube. Mas o clipe, um dos mais marcantes da respeitabilíssima videografia do holandês Anton Corbijn, é todo um clássico (Beavis & Butthead também acham), com o ex-Black Flag atuando como Super-Homem/Clark Kent, policial e freira. Nas imagens com filtro sépia (laranja?) ele faz promessas, é sedutor e bonzinho; quando voltam as cores normais, ele mostra a cara da mentira. E ela, como vocês verão, é vermelha.

You wanna know why?



CAUSE I’M A LIAR!!!




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