segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O ano do Tigre



Estranhei ao saber, no último sábado, que a loja chinesa de badulaques aqui do lado de casa estava fechada. Ora, em Barcelona, como em tantas outras partes do planeta para onde não param de migrar, os caras trabalham em regime non-stop, em ritmo só rivalizado pelas vendas de comida dos indianos e paquistaneses. Só depois é que lembrei o óbvio motivo: começava neste domingo, 14 de fevereiro, o início do Ano do Tigre, que sucede ao Ano do Boi no calendário chinês, e o longo feriado em sua homenagem. E enquanto rolinhos primavera eram devorados de Madri a Mogi das Cruzes, eu achava que ia descolar uma gilete por um décimo do preço da farmácia.

Entrei pelo cano e a barba teve que ficar por fazer um dia a mais, mas aproveitei para fechar o top 5 em tributo à data que vinha preparando: as melhores referências pop ao Tigre, este belo e feroz animal. Não sei nada sobre nenhum horóscopo (embora tenha ficado petrificado quando me fizeram um mapa astral e quase tudo batia), mas me disseram que o ano do tigre significa, para os chineses, confiança e bom humor, entre outras coisas. Gostei.

*Menção honrosa para Deize Tigrona. Não sou lá muito chegado em funk carioca, mas o pseudônimo da distinta dama é dos melhores já inventados.

5-A capa do álbum “Tigermilk”, do Belle & Sebastian (1996)

Ao invés de mandar para a gráfica 1.000 cartões de visita com a frase “olá, nós viemos da Escócia e somos uma banda fofa”, o Belle & Sebastian preferiu fabricar o mesmo número de cópias de seu disco de estréia. Embalados com uma capa tão marcante quanto seu conteúdo sonoro... er... fofo. Embora haja quem jure que Joanne, a modelo que leva ao seio um tigrezinho de mentira, padecia de sérios distúrbios psicológicos ligados à maternidade.




4-A banda Le Tigre

Yeah Yeah Yeahs, Gossip e outras bandas dos anos 00 lideradas por mulheres poderosas não existiriam sem o Le Tigre. Fundado por Kathleen Hanah, uma das figuras centrais da cena punk-feminista Riot Grrrl à frente do Bikini Kill, deu vários passos adiante da pura militância ao unir crueza, pop, humor e brincadeiras eletrônicas. Neste clássico do primeiro disco (“Le Tigre”, de 1999), várias feministas célebres são homenageadas, de Yoko Ono a Angela Davis.





3-A canção “Tigresa”, de Caetano Veloso (1977)

Uma das melhores munições para os que acham Caetano também um gênio argumentarem contra os que pensam nele como apenas um chato. “Tigresa” fala sobre Sônia Braga com a ajuda de notórias rimas como “gostava de política em 1966, e hoje dança no Frenetic Dancing Days”, e do não menos especial trecho sobre o passado erótico da atriz: “ela me conta que era atriz, e trabalhou no ‘Hair’. Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher”. “Tigresa” entra aqui não apenas pela letra, mas também por seus elementos dylanescos claros - a melodia cortante da voz e o jeito de encaixar nela estrofes que parecem não caber de jeito nenhum.





2-A canção “Eye of the Tiger”, do Survivor (1982)

Precisa dizer alguma coisa?





Mede-se o quão boa é “Eye of the Tiger” pela quantidade de versões dela espalhadas por aí. Vi Jarvis Cocker relê-la de punhos erguidos em 2007, e vibrei com a interpretação tosca de Chiara Mastroianni para o filme “Persepolis” (2007). Mas nada, meu amigo, vai superar a deste cidadão em sua já lendária tentativa de participar do concurso televisivo inglês “Pop Idol”:







1-O encarte do álbum “Thriller”, de Michael Jackson (1982)
O mais vendido e um dos melhores discos de todos os tempos é tão fora de série que até seu encarte interno é clássico. Nele, Michael Jackson posa com um pequeno tigre, em registro da mesma sessão que originou a tão familiar capa.



Um outro retrato do Peter Pan do pop e seu amiguinho ilustrou uma edição especial:



Aqui, um vídeo com os bastidores da sessão de fotos:


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ziriguidum. Telecoteco.




Listar boas músicas de Carnaval acabaria com o espaço virtual do blogger – seriam necessárias páginas e páginas só para as marchinhas e as canções de Chico Buarque. Por isso este blog resolveu homenagear a algazarra institucionalizada que começa na próxima sexta com outra das principais características do nosso esquindô-esquindô: a nudez.

Não se trata de um slide show com as melhores madrinhas de bateria de escola de samba ou algo do gênero. O tributo aqui faz uso das mais marcantes capas de discos estreladas por gente pelada. Nem precisa dizer que a maioria dos álbuns sofreu censura em algum momento, seja em seu lançamento ou reedição.

Nossa viagem vai do mal gosto à genialidade, com escalas no naïve e na mais pura molecagem. Sendo os protagonistas os próprios artistas ou não, o que importou é que eles estivessem completamente sem roupa, salvo excêntricas ou fetichentas exceções (ver do número 8 ao 5). Dito isso, as capas ilustradas com bombásticos topless ficam para outro post. Vão esperando aí, taradões.

10-Megapuss – “Surfing” (2008)



Eu avisei que o começo ia ser duro. Ou mole, como se apresentam os órgãos reprodutores de Devendra Banhart e seu companheiro neste projeto paralelo, Gregory Rogove. Devendra está sempre no limiar entre o “mandar mal, mas mandar bem”, e o “mandar bem, mas mandar mal”. Aqui talvez ele tenha “mandado mal, mas mandado mal”.


Como eu sei que as genitálias dos dois estavam moles? Ora, por que eles fizeram questão de compartilhar conosco esta informação na contracapa. Observem abaixo, se puderem. Foi mais ou menos assim: “Gregory, quer dizer então você também extraiu o seu prepúcio? Que legal, o mundo precisa mesmo saber disso!”.




9-Prince – “Lovesexy” (1988)


Pode soar estranho, mas acho que a genialidade de Prince passa, sim, pelo quanto ele se acha sexy. Não importa o que aconteça, o pequeno monarca sempre insistirá que, além de cantor, compositor, bailarino, produtor e multiintrumentista, ele é gostoso. E que sua sensualidade é ainda melhor retratada em capas como esta. (Aliás, aguardem lista só sobre o tema Prince x sexualidade).



8-Red Hot Chili Peppers –“The Abbey Road EP” (1988)


Mesmo se não tivesse se transformado numa banda colossal, o Red Hot Chili Peppers já teria seu lugar na história do rock por uma capa com seus integrantes atravessando a rua, como os Beatles, só que nus e com meias nos pintos.


7-Roger Waters – “Pros and Cons os Hitch Hiking” (1984)



Enquanto seus ex-companheiros ainda tentavam empurrar o Pink Floyd com a barriga, Roger Waters foi investigar outros enigmas. Como por exemplo, “os prós e contras de se pegar uma carona”. Ainda bem que alguém da gravadora dissuadiu o dinossauro inglês de despir-se à beira da estrada em busca de respostas, mandando a loira de saltos altos vermelhos em seu lugar.

 
6-The Darkness – “Permission to Land” (2003)



Eu não descartaria que, durante o curtíssimo apogeu do The Darkness, uma operadora de aeroportos nua para ajudar na aterrissagem tenha feito parte da lista de exigências.


5- Jane’s Addiction – ‘Nothing’s Shocking’ (1988)



O ano era 1988, o mesmo em que Prince posara nu sobre flores e os Chili Peppers “vestiam” apenas meia em suas capas. “Nada mais choca”, pensou Perry Farrell, vocalista do Jane’s Addiction e criador desta capa. Que tal então duas gêmeas siamesas sem roupa, sentadas em uma cadeira de balanço dupla, soltando fogo pela cabeça?


4-Yûya Uchida & The Flowers – “Challenge” (1969)



As vibes do flower power atingiram em cheio a juventude japonesa de 1969. Entre os mais animados estava o ator e cantor Yûya Uchida, que escalou uns amigos para tocar covers de Hendrix, Cream, Janis Joplin e outros autores de músicas que muita gente dançou pelada naqueles tempos.


3-John Lennon & Yoko Ono – “Unfinished Music Nº 1: Two Virgins” (1968)



Possivelmente a idéia não haveria nem sequer passado pela cabeça de Devendra e Prince, os outros artistas desta lista com colhões – em mais de um sentido – para desnudarem-se nas capas de seus próprios discos, não fosse esta aí de cima. Ainda tendo que prestar conta ao mundo como um dos Beatles, então ativíssimos, Lennon gravou um disco experimental com a nova namorada japonesa e a chamou para aparecer na capa como Deus os trouxe ao mundo. Em um dos volumes da caixa de DVDs “Anthology” Ringo lembra da pergunta que lançou ao companheiro ao ver o resultado: “isso é realmente necessário?”.

 
2-Jimi Hendrix – “Electric Ladyland” (1968)



O mundo só conheceu esta versão em uma reedição do disco de Hendrix solta no mercado quando ele já não estava mais vivo. Desde então virou a oficial. Especula-se que não foi Jimi o dono da idéia de fotografar dezenove beldades femininas nuas – teria sido o pessoal de sua gravadora, Track Records -, mas em se tratando de um dos grandes garanhões do rock, fica difícil acreditar. Ainda mais quando se abria o álbum e a contracapa completava o harém:



1-Sigur Rós – “Með suð í eyrum við spilum endalaust “(2008)


Pois é, os discos do Sigur Rós. Cada vez mais cheios de sons de outra galáxia, batizados com nomes cada vez mais impronunciáveis... e ilustrados por capas cada vez mais geniais. Esta, no caso, pegou emprestado retrato desta exposição, do premiado fotógrafo americano Ryan queridinho McGinley. Os islandeses ficaram tão fissurados que elaboraram este clipe com a mesma pegada. Nas estradas mais remotas da Islândia, onde antes se posicionavam as placas sinalizando vacas e gazelas na pista, estão fincadas agora mensagens de “cuidado, travessia de pessoas peladas”, resumidas em simpáticos desenhos que indiquem a perigosa prática.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

School's out forever!




Comecinho de fevereiro, hora de retornar à escola... não sei vocês, mas para mim a única parte legal da volta às aulas era o primeiro dia. Sempre algum carinha da classe aparecia com um novo penteado – para que você o zoasse, é claro – e, sobretudo, era preciso ficar alerta para o quão mais “desenvolvidas” estavam as garotas. “Está mais mulher”, dizia seu companheiro de fundão sobre a musa bronzeada de férias. Você assentia e sonhava, até que soava a sirene. E pronto. No dia seguinte, uma terça-feira já maldita, a rotina voltava ao normal e a magia da volta às aulas se esvaía .

Para lembrar um pouco desses momentos que, por duas décadas, vivi anualmente, despejo aqui os dez mais icônicos clipes musicais ambientados na escola. É, aliás, o primeiro post cujo critério são os próprios clipes. Reparem como, para o mundo pop, os professores são sempre filhos da puta, as meninas invariavelmente gostosas e os nerds não cabem em si de tão palermas. Atenção também para como as bandas realizam em boa parte dos vídeos seus desejos reprimidos de humilhar diretores e esculachar bedéis. Menção honrosa para Alice Cooper, autor do hino “School’s Out”. O maestro do horror rock não entra na lista porque a canção não tem clipe, mas nunca é demais evocar seu refrão:

School's out for summer

School's out forever

School's been blown to pieces


10-Kelly Key – “Baba Baby” (2001)

A Britney Spears tupiniquim impõe ao professor global sua versão do que é o sofrimento




9-OutKast – “Roses” (2003)

A música é uma obra-prima. A atriz é maravilhosa. O clipe é a velha xurumela cheerleader-garotos de agasalho esportivo, mas trazida para um plano georgeclintoniano.




8-Britney Spears – “…Baby One More Time” (1999)

E por falar em Britney.... e por falar em cheerleader... por falar em gostosa... da época em que ela era puro fetiche adolescente.





7-Pearl Jam – “Jeremy” (1992)

O único trágico da lista. Os truques de iluminação e direção não poderiam ser mais noventeiros. O final suicida impressionava, e gerou polêmica em 1996, quando um garoto de 14 anos que assassinou um professor e dois colegas em plena sala de aula em Moses Lake, EUA, se disse influenciado pela história (real) de Jeremy contada no vídeo. E isso porque não se trata da versão original, censurada.




6-Bart Simpson – “Do The Bartman” (1990)

Nos primeiros anos de “The Simpsons”, Homer ainda não roubara o protagonismo de Bart. Os principais temas do disco “The Simpsons Sing the Blues”, como este, eram cantados pelo moleque. Mestre na arte de atazanar Skinner e Edna.



5- Nirvana – “Smells like Teen Spirit” (1991)

Se não me engano, este clipe promoveu o encontro até então inédito de headbangers e cheerleaders, estes dois verbetes tão imprescindíveis no glossário pop. De Samuel Bayer, um dos nomões daquele período (dirigiu o “da abelhinha” do Blind Melon, entre muitos outros).




4-Pink Floyd – "Another Brick in the Wall part 2"

Ah, a famosa passagem das crianças virando carne moída...




3-Van Halen –‘Hot for Teacher’ (1984)

Como dizem os espanhóis, este clipe “mola que te cagas”. Para começar, a vítima de oclinhos se chama Waldo. Depois ainda tem as miniaturas dos membros do Van Halen (todos eles com seus devidos mullets), suas toscas coreografias e, fechando o pacote, a professora desfilando de biquíni.




2-Ramones – “Rock’n’Roll High School” (1979)

“I don’t care about History”, ensina o professor Joey, apontando para a lousa. Precisa de algo mais?




1-Twisted Sister – “I Wanna Rock” (1984)

As partes imperdíveis deste clássico são diversas, mas eu diria que o aluno gordinho "se sujando", e logo respondendo ao açoitamento do profi nazi com um “I wanna rock!”, já quase garantem a diversão completa. A chegada dos caras da banda ao colégio, tipo “barra pesada”, é igualmente inesquecível.