terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Separados no Nascimento II: Cinema x Música



Bob Dylan, Mick Jagger e Cee-Lo como atrações, homenagem a Aretha Franklin, consagração do Arcade Fire. Nem com tudo isso o Grammy Awards 2011, que rolou no domingo retrasado, escapou de sua anual exposição de chatice e caretice. O Oscar, previsto para o próximo, será igualmente previsível e só um dedinho menos conservador do que seu primo musical.

Então o que nos resta, em termos de listas apropriadas minimamente divertidas, neste dia intermediário às duas concorridas galas?

Ora, mas é claro: o top 10 Separados no Nascimento Cinema-Música!

Em sua segunda edição de acasalamento de sósias – a primeira foi de Futebol-Música no especial Copa 2010 – o Mala da Lista buscou os irmãos gêmeos perdidos destes dois mundinhos tão queridos. Priorizaram-se os casos naturais, e não os premeditados para biopics, ainda que bem sucedidos (Charlie Parker reencarnado em Forest Whitaker, Jamie Foxx como Ray Charles ou o genial Bob Dylan cross dresser de Cate Blanchet). Teste de DNA neles!

*Diagramação e pitacos na escolha das fotos: Anita Cortizas. Oscar de Edição e Fotografia para ela.


10-Stephen Lang (o Coronel malvadão de “Avatar”) x Adam Clayton (U2).


O bem venceu o mal no final de “Avatar”, o que significou a aniquilação do coronel linha-dura Miles Quarithc, o humano mais empenhado em exterminar os esbeltos seres azuis feitos de amor e computação gráfica. Agora o ator Stephen Lang pode, portanto, juntar-se a Bono, The Edge e Larry Mullen Jr. caso o baixista Adam Clayton um dia trave as costas ou pegue uma virose durante uma dessas megaturnês do U2.


9-Denzel Washington x Sam Cooke


A overdose de autoconfiança no olhar de ambos é tamanha que as semelhanças transcendem os sorrisos brancos, e a conexão entre os dois ultrapassa a cena de “Malcolm X” em que o ativista (vivido por Washington) percebe que está sendo seguido enquanto soa ao fundo a eterna “A Change Is Gonna Come”, de Cooke. Não por acaso, circulam rumores sobre a escalação de Denzel no papel de Sam em um filme sobre o mitológico príncipe soul.



8-Quentin Tarantino x Samuel Rosa (Skank)


Quando mais jovem – Quentin na fase “Pulp Fiction” e Samuel na de “Calango” – a dupla era, com se vê acima, todo um clássico dos separados no nascimento. Mais coroas, cada qual foi para um lado, Tarantino um malucão meio botocado, Rosa um playmobil roqueiro. Mesmo assim, o diretor continua tendo seu sósia famoso: o tenista suíço Roger Federer, como bem lembram os personagens de Selton Mello e Seu Jorge naquele curta-metragem.


7-Malcolm McDowell x Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico)


Tatá passou anos fingindo que não ouvia quando o comparavam com Alex, o maníaco fã de Beethoven vivido por Malcolm em “Laranja Mecânica”. Dava apenas sua tímida risadinha. Até que se rendeu. Atualmente, repousa sobre a geladeira de seu apartamento em São Paulo a metade direita da montagem acima, que fez recentemente para a revista Serafina, pelas mãos do fotógrafo paulistano Klaus Mitteldorf, posando mais ou menos como Alex. E olha que sem barba ele parecia ainda mais.



6-Joaquin Phoenix x Billy Gibbons (ZZ Top)


Constrangendo o planeta com sua tentativa de virar rapper doidão, Joaquin Phoenix acabou descolando um documentário a seu respeito, dirigido pelo cunhado e colega Casey Affleck. De quebra, ficou a cara do mais inconfundível barbudo do rock.



5-Zooey Deschanel x Katy Perry


Zooey, a musinha do cinema indie (também convertida em musinha da música indie cantando na dupla She & Him) é tão a cara da popstar Katy que um dia dizer “X” juntas ao mesmo fotógrafo, como se vê no retrato acima - não é montagem -, foi inevitável.


4-Jim Jarmusch x Dado Villa-Lobos


Supla e David Lynch deveriam dar conselhos capilares ao guitarrista. Desta forma, uma vez de cabelos brancos e erguidos como o de um Mutum-de-Penacho do Cerrado, Dado ficaria praticamente idêntico ao cidadão que, pelo menos desde o fim de sua Legião Urbana, ostenta o título de mais cool dos cineastas independentes americanos.



3-James Franco x Jeff Buckley


Bonito, com potencial, sósia do finado Jeff Buckley (tão parecido que montagens comparativas como esta abundam na internet); só falta agora James Franco morrer cedo e em circunstâncias obscuras para roubar de Heath Ledger o status de ator mais postumamente superestimado dos últimos anos. Ah, e claro, ele está cotado para um longa sobre a vida de Buckley.



2-Will Ferrel x Chad Smith (Red Hot Chili Peppers)



A chacota em torno da “irmandade” dos dois pirulões é tão manjada que o baterista Chad andou usando a camiseta “I Am not Will Ferrel” em alguns shows, pedindo talvez que as pessoas parassem de o confundir com o humorista. Resta saber como Ferrel se sairia tentando segurar os grooves selvagens de Flea, ou qual a capacidade cômica de Smith num esquete televisivo. Aqui, um "duelo" de bateria entre as figuras.



1-Al Pacino x Leonard Cohen x Dustin Hoffman


And the winner is... ou melhor: and the winners are...

Se o ménage à trois pudesse não ser sexual, eu pagaria para ver esta combinação. Uma conjunção cósmica de caras que, não bastando possuir tanto talento e estilo, para completar um dia foram um o xerox do outro. Eu sou mais Pacino nos dias de Michael Corleone x Leonard Cohen em começo de carreira acima.
Mas entendo os que prefiram o mash-up abaixo, do Dustin Hoffman mais coroa x o Leonard Cohen estilizado da capa do disco “Recent Songs”, de 1979:



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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

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Eu já sabia que “o dinheiro está em São Paulo”, como projetam os analistas financeiros e argumentam pais desesperados de certos paulistanos expatriados. Mas mesmo com o terrorismo prévio servindo de aviso, foi difícil para a carteira do Mala da Lista acompanhar o ritmo de tostação de cédulas da megalópole nas alucinantes nove semanas passadas por ele recentemente em sua terra natal.

É saco de papel higiênico de dezenove reais (essa eu vi) para cá, conta de restaurante sem graça de quinhentos reais (essa me contaram) para lá, showzinho vagabundo a trezentos reais acolá... verdadeiras espetadas no coração e no bolso de quem se especializou em jornalismo free-lancer, blogs, palindromismo, discotecagem de boteco e – a-ha! – música, entre outras atividades de rentabilidade bem pouco estável.

A sensação, sobretudo para quem vem da atual miguelagem europeia (recapitulando: o blogueiro mora em Barcelona) é que em São Paulo há cascatas, rios de dinheiro transbordando. Eles margeiam as construções desproporcionais – os prédios com entradas “napoleônicas”, como diz minha mãe – e inundam a frota de centenas de milhares de tanques de gue... quer dizer, carrões, desses que ocupam duas vagas na garagem.

De onde vem o cascalho e, sobretudo, para onde vai, é questão já repetitiva. A novidade no quesito dúvida é: fará algo nossa amada Babilônia para impedir sua escalada ao título de cidade mais cara do mundo? Enquanto todos nós pensamos nisso, eu exorcizo o meu mais jovem trauma de forma suave, com uma seleção de capas de álbuns “endinheiradas”.


10-Charlie Brown Jr. – “Nadando com os Tubarões” (2000)


Projeto gráfico tosco como a própria banda santista, que à época do lançamento nadava mesmo era em dinheiro.


9-Dead Kennedys – “In God We Trust Inc.” (1981)


A Era Reagan não demorou em ter resposta do meio musical norte-americano. São desta época alguns dos manifestos sonoros mais politicamente agressivos da história do país. A cena hardcore de Dead Kennedys e tchurma puxava o cordão.


8-Mike & the Mechanics – “Beggar on a Beach of Gold” (1995)


Com os royalties e cachês que ganhou em décadas tocando pelo Genesis, Mike Rutherford achou que era o momento de tirar um sarro nesta capa. “Pedinte numa praia de ouro”, ora vá...


7-Big Kuntry Kid – “My Turn to Eat” (2008)


Eis o notório apetite de rappers pelo faz-me-rir levado ao pé da letra.


6-The Bar-Kays – “Money Talks” (1978)


Remontada após um acidente aéreo que matou parte de seus integrantes – e mais o gênio Otis Redding – a mítica banda de soul e funk tratou de aprender rápido como funciona este tal de negócio da música. E fez questão de mostrar isso numa capa.


5-Cedric Im Brooks & David Madden – “Money Maker” (1970)


Têm toda pinta de notas e moedas arrecadadas num show de rua. Mais uma boa sacada gráfica entre as muitas dos artistas jamaicanos dos anos 1970.


4-The Tubes – “Young & Rich” (1976)


Bom, falem o que quiser, mas esta lista não estipulava qual seria a forma de pagamento. (Do saboroso livro “1000 Record Covers”, de Michael Ochs, que resgatei com gosto nesta temporada em SP.


3-Nashville Fiddles – “All Wraped Up in Cash” (1970)


O trocadilho com o sobrenome do homenageado do álbum, Johnny Cash, é fraquinho. O resultado, porém, é louvável: um bizarro biquíni com notas que seguramente foram desviadas do Banco Imobiliário do irmão menor da modelo. Que, ao que parece, topa mesmo tudo por dinheiro.


2- Nirvana – “Nevermind” (1991)


Não dá para falar sobre qualquer tipo de relação entre música e dinheiro sem passar por este clássico, campeão desta outra edição do Lá Vem o Mala da Lista. Até Bart Simpson “plagiou” o momento na capa de uma Rolling Stone posterior.


1-Teenage Fanclub – “Bandwagonesque” (1991)


Outra pepita recuperada em minha epopeia paulistana, a bolacha dos melódicos e descomplicados escoceses vai direto para a parede de minha sala nos próximos dias. Para alguns, o disco que superou até mesmo “Nevermind” naquele frutífero 1991 (também de “Blood Sugar Sex Magik”, “Loveless”, “Achtung Baby”...). Não entro nessa briga agora, mas sua capa pop art sai na frente no critério desta lista.
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