quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Wet and Wild


Foto: AP

Ah, o litoral brasileiro. Após três anos sem esta bem torneada e interminável costa, comecei a matar a saudade em grande estilo nos últimos dias, com direito a barrigada no Atlântico e visita a cachoeira com emoção (tremendo na base para não deslizar no limo).

A alma ainda continuará a ser lavada na virada do ano, com nova caravana rumo a areias e ondas. Mas antes do estouro da Sidra Cereser para empurrar a farofa, ofereço um tributo veranístico aos álbuns estampados por artistas que, como o Mala da Lista nas suas fotos pessoais mais recentes – das quais vos pouparei, podem deixar -, aparecem molhados. Vejam bem, eles não estão submersos, como os que aparecem neste post, mas acabam de dar um tchibum, ou tomaram um caldo, ou não estão secos por outros motivos.


10-Marianne Faithfull – “Dangerous Acquaintances” (1981)


A ex-namorada de Mick Jagger descobriu na prática que sair do banho direto para a sessão de fotos pode resultar numa capa bastante sem graça.


9-Alceu Valença – “Coração Bobo” (1980)




Não convence também esta tentativa do rei de Olinda, voltando do rio com essa cara de menino mimado.

8-Milton Nascimento – “Milton” (1976)


Já o Bituca aqui está dando uma certa pena. Me parece que se encontra naquele momento em que você já não aguenta mais a areia no shorts, muito menos o sal na pele e na boca. Hora da chuveirada, enfim.


7- Phil Collins – “No Jacket Required” (1985)


Olhe bem de perto. Reparou? Pois é, Phil Collins está com suor escorrendo do último chumaço de cabelo frontal que lhe restava até o nariz. Lembrava desta capa desde pequeno, mas só outro dia observando-a em vinil foi que saquei a falta de asseio. Eca, Phil Collins!



6-Maanam – “Wet Cat” (1985)


Esta banda faz sucesso na Polônia há três décadas, tendo nos vocais Kora. E é ela quem, ao que tudo indica, posa para esta estranha e molhada foto.


5-Flávio Venturini – “Nascente” (1981)


Alguém quer dizer algo?



4-Otto – “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos” (2009)


Ensopado, barrigudo, com a calça zoada, pregando não sei o que lá no chão, provavelmente tendo o pezão branco picado por mosquitos. O estilo ogro de Otto nesta portada não poderia definir melhor o dilacerante conteúdo do álbum em si, no qual o pernambucano tenta exorcizar um pé-na-bunda.


3-Jack Johnson – “Brushfire Fairytales” (2001)


A chuva deve ser falsa. O casaco seguramente foi dado por algum patrocinador (não é assim que se vestem os surfistas profissionais)? E, mais grave, o cara é o Jack Johnson. Mas nenhum destes três fatos consegue arruinar o resultado legalzinho da capa, admito.



2-Barry White – “Just Another Way to Say I Love You” (1975)


Alguns caras mandam bem até quando aparecem suando em bicas (e segurando o microfone com um lenço) nos projetos gráficos de seus álbuns. É apenas um outro jeito de dizer “Eu te Amo”, afinal.


1-PJ Harvey – “Rid of Me” (1993)


O torso nu. O colar. Os lindos traços feios. PJ Harvey, quando quer, é sem igual. Quase nem precisava desta sobrenatural espécie de retro-auto-caldo flagrado em alta definição. Uma imagem histórica.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Lá Vem o Mala do Paulista




Embasbacado com o skyline da zona Sul de São Paulo, que não contemplava há quase três anos, levei o André à janela. “Só neste campo de visão você tem o equivalente a toda a população da cidade onde nasceu”, ouviu do seu pai o pequeno barcelonês.

Entre as centenas de detalhes que te marcam quando você volta à SP após tanto tempo, sobretudo vindo de cidades de médio porte como Barcelona (bom, médio porte pelo menos para o Mala do Paulista aqui), um dos mais impressionantes é a massa de arranha-céus. Algo, aliás, que sempre achei bonito. E que continuo achando, a ponto de querer homenageá-los ao resgatar as melhores capas de disco em que eles são os protagonistas.


10-Depeche Mode – “Black Celebration” (1980)

 Para começar, um no estilo espelhado, bem yuppie.


9-Killers – “Hot Fuss” (2004)



Essa entra aqui pelo aspecto decadentão, com o ar poluído e o neon de letras de algum alfabeto asiático (não me arrisco a dizer qual; alguém confirma?). Enfim, me lembra um pouco a atmosfera do clássico cinematográfico “Blade Runner”.

8-Blondie – “Autoamerican” (1980)


A efervescência nova-iorquina da virada dos anos 1970 para a década seguinte tem aqui um de seus ícones. De uma glamourosa cobertura se vê não apenas a melhor silhueta feminina da época – a de Debbie Harry, claro -, mas também a sempre inspiradora vista panorâmica de Manhattan.


7-Sufjan Stevens – “Sufjan Stevens Invites You To: Come on Feel The Illinoise” (2005)


Um dos melhores álbuns da década passada é também parte da delirante iniciativa de seu genial autor, que disse querer compor um disco em tributo a cada um dos 50 estados americanos. Até agora, apenas Michigan e Illinois foram homenageados (a capa denota referênciascomo a torre Sears de Chicago, e em oura versão está o Superman).


6-Lalo Schifrin – “Towering Toccata” (1977)


Novamente o coração de Nova York comparece em grande estilo. Aqui, com o célebre compositor de trilhas sonoras argentino vigiando as finadas torres gêmeas, que aliás aparecem em outras várias capas (menção honrosa para a de “Going for The One”, do Yes, também muito boa).


5-Marvin Gaye – “Midnight Love” (1982)


Eu diria que trata-se também da Big Apple a metrópole que serve de pano de fundo para Marvin. Que, com seu sorriso maroto, discorreu sobre “cura sexual” e outras artimanhas neste bom disco.

4-Hurtmold – “Mestro” (2004)


O som urbano desse sexteto paulistano migrou com sucesso para o projeto gráfico de um de seus melhores trabalhos. Tudo a ver com a tensa mistureba de sons da banda.


3-Bad Religion – “How Could Hell be Any Worse? (1982)”


Como o inferno pode ser pior do que isso? É a pergunta, um tanto exagerada, da banda californiana em seu trabalho de estreia. Inclui o clássico “We’re Only Gonna Die”.


2-R.E.M. – “Accelerate” (2008)


É das que mais me lembra São Paulo, sobretudo os edifícios do centrão. Falta só encontrar onde foi parar esse logo bacana do trio saltando pelos ares. Na Praça das Bandeiras? No Anhangabaú?


1-Tim Buckley – “Greetings From L.A.” (1972)


Pode a poluição resultar em algo esteticamente belo? Pois a capa desta bolacha do pai do Jeff Buckley responde que sim. São Paulo e Santiago – a outra cidade que conheci que tinha essa espécie de crosta lilás tóxica no horizonte – não dão nem para o cheiro. Literalmente.

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