“Quem não adora o som da música em nomes de cidades?”, pergunta trecho da letra de uma das canções desta lista. Se os nomes são de cobiçadas capitais europeias, então, há um pouco mais de chance dos títulos das composições soarem bem. Dependendo do caso, é claro.
Em celebração a esta maravilha esportiva chamada Eurocopa, o Mala da Lista
compra um bilhete low cost imaginário e percorre o arquivo não-secreto das
melhores músicas batizadas simplesmente com o nome das metrópoles-chave do Velho Continente.
Algumas rendem emocionados tributos, enquanto outras – entre as quais três totalmente
instrumentais - sugerem a atmosfera das urbes
citadas.
Só valem as batizadas com apenas o nome
da cidade (“London Calling” e “Mulheres de Atenas” não, portanto). E têm que ser
capital.
10-Friendly Fires
– “Paris”
“Um dia poderemos viver em Paris/ Eu prometo”. Aposto que os
afetadinhos ingleses já podem fazê-lo, depois de acumular hits como este.
9-Beirut - “Bratislava”
Foi em uma viagem que o precoce Zach Condon se
transformou no perfeito ianque dos Balcãs, trazendo a seu pop as artimanhas do
folclore do Leste. Na memória permaneceu a capital eslovaca, traduzida neste
tema sem vocais, que ficou de fora do show do Primavera Sound há duas
semanas. (OK, o tradicional top 5 melhores shows do festival: 5-The Pop Group
4-Death Cab For Cutie 3-Yo La Tengo 2-Shellac 1-The Cure)
8-Django Reinhardt
– “Stockholm” (193?)
Globalizados eram os anos 1930: um cigano belga e seu
grupo francês usando um ritmo americano como o jazz para homenagear o DF sueco.
7-Damon &
Naomi – “Helsinki” (2011)
A bacanuda dupla indie americana voltou
à ativa após quatro anos em grande estilo, reclamando de “ruas frias demais para
serem chamadas de paraíso” na Finlândia.
6-Orange Juice –
“Moscow” (1980)
Não foi, obviamente, mas poderia ter sido o tema das
Olimpíadas de Moscou, em 1980 (a banda escocesa tem outra versão da mesma
composição chamada “Moscow Olympics”).
5-Prefab Sprout –
“Dublin” (1989)
É desta música a frase que abre este
post. Uma sensível homenagem da banda inglesa à vizinha irlandesa Dublin, “enfermeira de sonhos amargos”.
4-Ultravox –
“Vienna” (1980)
A face "baladas grandiloquentes" do tecnopop. Oh, Viena.
3-Caetano Veloso – “London London” (1971)
Só fez sucesso mesmo na versão do RPM, mas a original
é clássica, como praticamente todo o repertório que o deprimido Caetano criou e
gravou no exílio em Londres.
2-Lou Reed –
“Berlin” (1973)
Continuando no assunto depressão, por sinal, o álbum conceitual
do ex-Velvet Underground sobre um atormentado casal de junkies está entre seus trabalhos mais, digamos, intensos. A
faixa-título – em registro histórico da época, com a presença de John Cale
- não nega.
1-David Bowie –
“Warzsawa” (1977)
Eis que triunfa justamente Varsóvia, capital da Polônia,
um dos países-sede da Eurocopa.
Pois a Berlim de Lou Reed foi, também, a casa de Bowie
no final dos anos 1970. Atraído por Brian Eno – Iggy Pop viria na bagagem pouco
depois -, o então enfarinhado Duque Branco se inspirou-se para antecipar a estética futurista da década seguinte em obras-primas como “Low” e “Heroes”,
ambos lançados em 1977. O mítico lado 2 de “Low” abre com “Warzsawa”, tão
marcante que serviria para nomear (em sua versão inglesa, “Warsaw”) o Joy
Division em seus primeiros anos.
Obcecado pelo que existia do outro lado do Muro berlinense, Bowie
compôs com Eno uma peça que transmitia estranhamento e sensação de desamparo condizentes à
perfeição com o que presenciara numa visita à Polônia, então subjugada pelo
império comunista soviético. Escute e você terá a plena sensação de haver
passado uma fria e melancólica tarde na Warzsawa de 1973. Com direito a
embromation polaco ao final.
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