quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eurocopa (de canções) 2012




“Quem não adora o som da música em nomes de cidades?”, pergunta trecho da letra de uma das canções desta lista. Se os nomes são de cobiçadas capitais europeias, então, há um pouco mais de chance dos títulos das composições soarem bem. Dependendo do caso, é claro.

Em celebração a esta maravilha esportiva chamada Eurocopa, o Mala da Lista compra um bilhete low cost imaginário e percorre o arquivo não-secreto das melhores músicas batizadas simplesmente com o nome das metrópoles-chave do Velho Continente. Algumas rendem emocionados tributos, enquanto outras – entre as quais três totalmente instrumentais - sugerem a atmosfera das urbes citadas.

Só valem as batizadas com apenas o nome da cidade (“London Calling” e Mulheres de Atenas” não, portanto). E têm que ser capital.



10-Friendly Fires – “Paris”

“Um dia poderemos viver em Paris/ Eu prometo”. Aposto que os afetadinhos ingleses já podem fazê-lo, depois de acumular hits como este.


9-Beirut  - “Bratislava”

Foi em uma viagem que o precoce Zach Condon se transformou no perfeito ianque dos Balcãs, trazendo a seu pop as artimanhas do folclore do Leste. Na memória permaneceu a capital eslovaca, traduzida neste tema sem vocais, que ficou de fora do show do Primavera Sound há duas semanas. (OK, o tradicional top 5 melhores shows do festival: 5-The Pop Group 4-Death Cab For Cutie 3-Yo La Tengo 2-Shellac 1-The Cure)


8-Django Reinhardt – “Stockholm” (193?)

Globalizados eram os anos 1930: um cigano belga e seu grupo francês usando um ritmo americano como o jazz para homenagear o DF sueco.


7-Damon & Naomi – “Helsinki” (2011)

A bacanuda dupla indie americana voltou à ativa após quatro anos em grande estilo, reclamando de “ruas frias demais para serem chamadas de paraíso” na Finlândia.


6-Orange Juice – “Moscow” (1980)

Não foi, obviamente, mas poderia ter sido o tema das Olimpíadas de Moscou, em 1980 (a banda escocesa tem outra versão da mesma composição chamada “Moscow Olympics”).


5-Prefab Sprout – “Dublin” (1989)

É desta música a frase que abre este post. Uma sensível homenagem da banda inglesa à vizinha irlandesa Dublin, “enfermeira de sonhos amargos”.


4-Ultravox – “Vienna” (1980)

A face "baladas grandiloquentes" do tecnopop. Oh, Viena.


3-Caetano Veloso – “London London” (1971)

Só fez sucesso mesmo na versão do RPM, mas a original é clássica, como praticamente todo o repertório que o deprimido Caetano criou e gravou no exílio em Londres.


2-Lou Reed – “Berlin” (1973)

Continuando no assunto depressão, por sinal, o álbum conceitual do ex-Velvet Underground sobre um atormentado casal de junkies está entre seus trabalhos mais, digamos, intensos. A faixa-título – em registro histórico da época, com a presença de John Cale -  não nega.


1-David Bowie – “Warzsawa” (1977)

Eis que triunfa justamente Varsóvia, capital da Polônia, um dos países-sede da Eurocopa.
Pois a Berlim de Lou Reed foi, também, a casa de Bowie no final dos anos 1970. Atraído por Brian Eno – Iggy Pop viria na bagagem pouco depois -, o então enfarinhado Duque Branco se inspirou-se para antecipar a estética futurista da década seguinte em obras-primas como “Low” e “Heroes”, ambos lançados em 1977. O mítico lado 2 de “Low” abre com “Warzsawa”, tão marcante que serviria para nomear (em sua versão inglesa, “Warsaw”) o Joy Division em seus primeiros anos.
Obcecado pelo que existia do outro lado do Muro berlinense, Bowie compôs com Eno uma peça que transmitia estranhamento e sensação de desamparo condizentes à perfeição com o que presenciara numa visita à Polônia, então subjugada pelo império comunista soviético. Escute e você terá a plena sensação de haver passado uma fria e melancólica tarde na Warzsawa de 1973. Com direito a embromation polaco ao final.


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