quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Só no ano que vem



Outubro foi em sua maioria generoso com Barcelona, e até outro dia marmanjos de calças curtas sorviam chopes embaixo do nosso nariz, mais conhecido como nossa varanda. But the party is over, e os aproximados dez dias que levamos de friozinho já vão nos acostumando à nítida noção de que o verão nunca existiu. Calor só no ano que vem, e bota ano que vem nisso: abril ou maio estão longe.

Tempo, portanto, de desembolotar a pantufa e azeitar a conexão de internet para que o bom e velho Cuevana.tv não trave aquele episódio de “Mad Men” ou “Modern Family”. Tempo, também, de cobrir com lona as piscinas e pendurar a peneira.

No início da temporada ensolarada, a presença destas nossas amigonas azuis e clorificadas no mundo pop foi homenageada aqui com um animado Top 10 capas de disco com piscinas ocupadas. Conforme prometido na ocasião, encerramos este verão com um Top 5 capas com piscinas vazias (de gente, não de água). E bora lá fazer aquele chá.


5-Morphine – “Like Swimming” (1997)

Meio segundo antes e esta foto teria servido para o post das ocupadas.

4-Beach House – “Used to Be” (single – 2008)

Nem um sol de 40 graus salva os motéis americanos da decadência. Vivo, Norman Bates daria suas bombas aqui, nadando cachorrinho com a mãe empalhada.

3-Good Shoes – “No Hope, No Future” (2010)

É mais ou menos que nem nas unidades do Sesc. Te vendem este oásis de tranquilidade no catálogo, mas quando você chega lá é sete, oito negos por raia.

2-Titãs – “Domingo” (1995)

Ainda na ressaca de Arnaldo e do pouco sucesso de “Titanomaquia”, só uma piscininha salvava os Titãs.

1-Red Hot Chili Peppers – “Californication” (1999)

Californicação: barrigadas em nuvens de fogo sob um céu feito de mar.

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dia das Crianças: os desenhinhos



Dia das Crianças já virou tradição no Mala da Lista. Em edições anteriores da data, publiquei as melhores capas com músicos na infância, ou simplesmente as melhores capas com crianças e bebês. A molecada também compareceu neste top 10 especial de nascimento do André, o Malinha da Lista.

Em 2011, esta semana é duplamente da Criança. Pelo dia 12 de sempre, vulgo amanhã, mas também porque começam oficialmente as atividades na guardería (creche) dele, da qual somos orgulhosos cofundadores.

Na verdade o pequeno perdeu os primeiros dias “para valer” por causa de uma febre, ainda que já tivesse participado, com os pais e se saindo muito bem, da temida fase de adaptação: não chorou, não cometeu bullying, não apanhou. Ficou na dele.

Aliás, graças à pedagogia Waldorf, durante esta mesma adaptação eu por fim dei um significado legítimo a uma antiga expressão linguística, aparentemente niilista. Os pais eram recomendados a realizar “atividades manuais” enquanto acompanhavam o desempenho dos filhos. Totalmente bronco neste quesito, fingi que lixava um toco de madeira para dar-lhe a forma de um belo nada. Por meia hora estive, portanto “pouco me lixando”.

Fossem estas atividades manuais uns desenhos, os resultados poderiam ser mais produtivos e até figurar neste novo ranking: o de capas de discos que foram ou parecem ter sido ilustradas por crianças.


10- Neil Young & Crazy Horse – “Zuma” (1975)


Em algum idioma “Zuma” deve querer dizer “mulher nua sobrevoa um cacto suspensa por uma cegonha”.

9-Mallu Magalhães – “Mallu Magalhães” (2008)


O som já era over-fofo. Precisava também do leãozinho bobo?

8-Oscar Peterson – “Put on a Happy Face” (1962)


O jazz aqui é de tal qualidade que a carinha feliz é daí para cima.

7- John Lennon – “Walls and Bridges” (1974)



Se não faltava feeling ao John músico da idade adulta, tampouco dá para dizer que a versão infantil do gênio fosse um completo desastre na prancheta. Pelo contrário.

6-The Cure – “The Cure” (2004)


Se entrasse um coleguinha chamado Robert Smith em minha classe no Infantil 2, eu o retrataria mais ou menos assim.

5-Mudhoney - “Every Good Boy Deserves Fudge” (1991)


Eu e meu amigo Marquinhos tínhamos mais ou menos o tamanho destes bonequinhos quando ensaiávamos a nossa versão de “Good Enough”, clássico presente no disco.

4-Tortoise – “TNT” (1998)



Um encarte ultra-simples – o único capaz de transformar uma embalagem de CDR em fetiche – que é a doce antítese do complexo (e maravilhoso) som que traz em seu interior. Até o personagem, uma espécie de Gasparzinho na puberdade, parece intrigado com a quantidade de referências desconstruídas e recombinadas pelo célebre grupo de Chicago.

3-Bauhaus – “Mask” (1981)



Em se tratando de uma das bandas góticas por excelência, nem o urso de pelúcia – concebido pelo guitarrista Daniel Ash - escapa de ser sinistro.

2-Einstürzende Neubauten – “Kollaps” (1981)


Em algum lugar eu vi que este desenho é do período Neolítico, ou algo do gênero. Possivelmente – por que não? – de alguma criança. De qualquer modo, excelente maneira de representar o brutal experimentalismo dos alemães dos quais gosto, mas cujo nome nunca, jamais saberei pronunciar.

1-Maurício Takara – “M.Takara” (2003)


A pior coisa que pode acontecer na vida de alguém é ser minha dupla no “Imagem & Ação”: sou o pior desenhista que conheço, e desafio qualquer um a me tirar deste trono. Talvez por isso me identifique com desenhos que, como este, sejam tão toscos e ao mesmo tempo transmitam alguma emoção. Neste caso, ainda é o cartão de visitas de um belo álbum. Mais legal todavia é o fato do retrato ter sido traçado durante a infância pelo irmão mais velho do artista (o também músico Daniel Ganjaman), e que o “original” foi salvo de uma definitiva lata de lixo aos 45 minutos do segundo tempo (sim, a textura de “amassado” é genuína).


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