Estranhei ao saber, no último sábado, que a loja chinesa de badulaques aqui do lado de casa estava fechada. Ora, em Barcelona, como em tantas outras partes do planeta para onde não param de migrar, os caras trabalham em regime non-stop, em ritmo só rivalizado pelas vendas de comida dos indianos e paquistaneses. Só depois é que lembrei o óbvio motivo: começava neste domingo, 14 de fevereiro, o início do Ano do Tigre, que sucede ao Ano do Boi no calendário chinês, e o longo feriado em sua homenagem. E enquanto rolinhos primavera eram devorados de Madri a Mogi das Cruzes, eu achava que ia descolar uma gilete por um décimo do preço da farmácia.
Entrei pelo cano e a barba teve que ficar por fazer um dia a mais, mas aproveitei para fechar o top 5 em tributo à data que vinha preparando: as melhores referências pop ao Tigre, este belo e feroz animal. Não sei nada sobre nenhum horóscopo (embora tenha ficado petrificado quando me fizeram um mapa astral e quase tudo batia), mas me disseram que o ano do tigre significa, para os chineses, confiança e bom humor, entre outras coisas. Gostei.
*Menção honrosa para Deize Tigrona. Não sou lá muito chegado em funk carioca, mas o pseudônimo da distinta dama é dos melhores já inventados.
5-A capa do álbum “Tigermilk”, do Belle & Sebastian (1996)
Ao invés de mandar para a gráfica 1.000 cartões de visita com a frase “olá, nós viemos da Escócia e somos uma banda fofa”, o Belle & Sebastian preferiu fabricar o mesmo número de cópias de seu disco de estréia. Embalados com uma capa tão marcante quanto seu conteúdo sonoro... er... fofo. Embora haja quem jure que Joanne, a modelo que leva ao seio um tigrezinho de mentira, padecia de sérios distúrbios psicológicos ligados à maternidade.
4-A banda Le Tigre
Yeah Yeah Yeahs, Gossip e outras bandas dos anos 00 lideradas por mulheres poderosas não existiriam sem o Le Tigre. Fundado por Kathleen Hanah, uma das figuras centrais da cena punk-feminista Riot Grrrl à frente do Bikini Kill, deu vários passos adiante da pura militância ao unir crueza, pop, humor e brincadeiras eletrônicas. Neste clássico do primeiro disco (“Le Tigre”, de 1999), várias feministas célebres são homenageadas, de Yoko Ono a Angela Davis.
3-A canção “Tigresa”, de Caetano Veloso (1977)
Uma das melhores munições para os que acham Caetano também um gênio argumentarem contra os que pensam nele como apenas um chato. “Tigresa” fala sobre Sônia Braga com a ajuda de notórias rimas como “gostava de política em 1966, e hoje dança no Frenetic Dancing Days”, e do não menos especial trecho sobre o passado erótico da atriz: “ela me conta que era atriz, e trabalhou no ‘Hair’. Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher”. “Tigresa” entra aqui não apenas pela letra, mas também por seus elementos dylanescos claros - a melodia cortante da voz e o jeito de encaixar nela estrofes que parecem não caber de jeito nenhum.
2-A canção “Eye of the Tiger”, do Survivor (1982)
Precisa dizer alguma coisa?
Mede-se o quão boa é “Eye of the Tiger” pela quantidade de versões dela espalhadas por aí. Vi Jarvis Cocker relê-la de punhos erguidos em 2007, e vibrei com a interpretação tosca de Chiara Mastroianni para o filme “Persepolis” (2007). Mas nada, meu amigo, vai superar a deste cidadão em sua já lendária tentativa de participar do concurso televisivo inglês “Pop Idol”:
1-O encarte do álbum “Thriller”, de Michael Jackson (1982)
O mais vendido e um dos melhores discos de todos os tempos é tão fora de série que até seu encarte interno é clássico. Nele, Michael Jackson posa com um pequeno tigre, em registro da mesma sessão que originou a tão familiar capa.
Um outro retrato do Peter Pan do pop e seu amiguinho ilustrou uma edição especial:
Aqui, um vídeo com os bastidores da sessão de fotos:
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