Ou quase isso. É na próxima sexta-feira, 1º de junho, o 45º aniversário
do lançamento de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.
Para muitos, a obra mais importante e inovadora dos Beatles – eu adoro,
mas considero “Revolver” o grande divisor
de águas -, segundo outros tantos o melhor álbum da história e na opinião de alguns,
até – como o escritor americano John Sellers, que classifica o oitavo trabalho
de estúdio do Fab Four como “constrangedor” -, apenas um disco supervalorado.
Destrinchar “Sgt. Pepper’s...” musicalmente renderia horas de chuva no
molhado. Para isso, melhor mesmo é se debruçar sobre livros como “Um ano na
Vida dos Beatles e Amigos” (2007), do inglês Clinton Heylin, que investiga o
que outros artistas com aspirações vanguardistas (de Velvet Underground a Pink
Floyd) estavam aprontando enquanto os rapazes de Liverpool preparavam seu
produto mais famoso. Minha sogra foi quem me deu (por isso ela é a minha
sogra).
Mas o Mala da Lista prefere abraçar a pegada metalinguística da proposta
da capa do disco, assinada por Peter Blake e Jann Harworth, na qual os Beatles
celebram as personalidades que mais admiravam (de Marlon Brando a Bob Dylan,
passando por Oscar Wilde e William S. Burroughs) posando como a "banda do Sargento Pimenta" na companhia de suas
versões em papelão, tamanho natural.
Ficamos então com as dez melhores entre as dezenas de “releituras” do
projeto de Blake e Harworth. Claro, porque também em termos de portadas
satirizadas ou reverenciadas, ninguém bate os Beatles. Alguns sites
especializados contabilizam até 79 sátiras ou homenagens à portada da bolacha (se contarmos as capas de álbuns como “With The
Beatles”, “Let It Be” e principalmente “Abbey Road”, o número dispara).
10-Def Leppard - “Songs From the Sparkle Lounge” (2008)
Um astronauta aqui, um transformista ali, um gato, e várias fotos dos
integrantes da banda em diferentes épocas. Para quem esperou mais de 40 anos
para ter essa ideia, podiam ter aparecido com algo melhor.
9-Devendra Banhart – “Cripple Crow” (2005)
With a little help of his
friends, Devendra consagrava o neo-hippismo do terceiro milênio.
8-Jun Fukamachi – “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1977)
Este levou a sério demais a mania de procurar mensagens subliminares em
audições do disco de trás para frente.
7-Peter Knight and His Orchestra – “Instrumental Beatles Themes From
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (196?)
Gosto de personagens como o tiozão de maleta e chapéu na ponta direita,
e ainda mais do logo da banda fictícia criada por Paul McCartney – que já pensei
em tatuar – colado nos livros. This list
is getting better all the time.
6-Vários – “Burning Ambitions: A
History Of Punk” (1991)
Falando em livros, esta seria uma
trilha sonora adequada para clássicos sobre o punk e o pós-punk como “Mate-me
Por Favor” (1997), de Legs McNeil e Gillian McCain, e o fantástico “Rip it Up
and Star Again” (2006), de Simon Reynolds. Toda tchurma está aí. Mark E. Smith
(The Fall), Clash, Sex Pistols, Jello Biafra (Dead Kennedys), Andy Warhol...
5-Vários – “The Exotic Beatles Part II” (1995)
Coletânea de bizarras covers beatlemaníacas muito bem representada
graficamente.
4-The Simpsons – “The Yellow Album” (1998)
Lovely Lisa. Troféu melhor
sacada para a família Simpson desenhada à esquerda com os traços toscos das
primeiras temporadas. Citação
antropofágica vintage, como a
reprodução dos jovens Beatles na capa original.
3-Macabre – “Sinister Slaughter”
(1993)
Um corriqueiro day in the life durante o período de criação deste álbum envolvia
os integrantes da banda americana de death metal pesquisando obsessivamente
sobre serial killers verdadeiros, para
finalmente comporem canções sobre estas dóceis criaturas. São elas que aparecem
também na capa. Vai encarar?
2-Zé Ramalho – “Nação Nordestina” (2000)
Um primor. E se tivesse que ficar com um dos lindos objetos decorativos,
seria a foto desbotada do casal, que não deve faltar em casa nordestina que se
preze. Sobre o personagem, nem pestanejaria: Maguilão (à esquerda) na cabeça.
1-The Mothers of Invention “We’re Only in It For The Money” (1968)
Frank Zappa (1940-1993) zombava dos hippies. Se espantava com o fato de
que levassem tão a sério as mensagens do Flower Power, e achava que bandas como
os Beatles havia transformado aqueles ingênuos anseios em simples produtos
comerciais.
Trajando vestido curto e maria-chiquinha à frente da banda – igualmente
travestida -, o Bigode vai para o trono pela coragem de questionar algo tão
unânime e com tal velocidade – menos de um ano depois – e por trazer Jimi
Hendrix (1942-1970) como convidado. Não um Hendrix de papelão, como o conceito
original de “Sgt. Peppers...” determinava, mas o mítico guitarrista em carne e
osso, na ponta direita. Foram inicialmente censurados pela gravadora, apesar do
próprio Zappa ter telefonado para Paul McCartney pedindo permissão para o
sarro.
*Siga este blog também pelo twitter: @maladalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.