Dia das Crianças já virou tradição no Mala da Lista. Em edições anteriores da data, publiquei as melhores capas com músicos na infância, ou simplesmente as melhores capas com crianças e bebês. A molecada também compareceu neste top 10 especial de nascimento do André, o Malinha da Lista.
Em 2011, esta semana é duplamente da Criança. Pelo dia 12 de sempre, vulgo amanhã, mas também porque começam oficialmente as atividades na guardería (creche) dele, da qual somos orgulhosos cofundadores.
Na verdade o pequeno perdeu os primeiros dias “para valer” por causa de uma febre, ainda que já tivesse participado, com os pais e se saindo muito bem, da temida fase de adaptação: não chorou, não cometeu bullying, não apanhou. Ficou na dele.
Aliás, graças à pedagogia Waldorf, durante esta mesma adaptação eu por fim dei um significado legítimo a uma antiga expressão linguística, aparentemente niilista. Os pais eram recomendados a realizar “atividades manuais” enquanto acompanhavam o desempenho dos filhos. Totalmente bronco neste quesito, fingi que lixava um toco de madeira para dar-lhe a forma de um belo nada. Por meia hora estive, portanto “pouco me lixando”.
Fossem estas atividades manuais uns desenhos, os resultados poderiam ser mais produtivos e até figurar neste novo ranking: o de capas de discos que foram ou parecem ter sido ilustradas por crianças.
10- Neil Young & Crazy Horse – “Zuma” (1975)
Em algum idioma “Zuma” deve querer dizer “mulher nua sobrevoa um cacto suspensa por uma cegonha”.
9-Mallu Magalhães – “Mallu Magalhães” (2008)
O som já era over-fofo. Precisava também do leãozinho bobo?
8-Oscar Peterson – “Put on a Happy Face” (1962)
O jazz aqui é de tal qualidade que a carinha feliz é daí para cima.
7- John Lennon – “Walls and Bridges” (1974)
Se não faltava feeling ao John músico da idade adulta, tampouco dá para dizer que a versão infantil do gênio fosse um completo desastre na prancheta. Pelo contrário.
6-The Cure – “The Cure” (2004)
Se entrasse um coleguinha chamado Robert Smith em minha classe no Infantil 2, eu o retrataria mais ou menos assim.
5-Mudhoney - “Every Good Boy Deserves Fudge” (1991)
Eu e meu amigo Marquinhos tínhamos mais ou menos o tamanho destes bonequinhos quando ensaiávamos a nossa versão de “Good Enough”, clássico presente no disco.
4-Tortoise – “TNT” (1998)
Um encarte ultra-simples – o único capaz de transformar uma embalagem de CDR em fetiche – que é a doce antítese do complexo (e maravilhoso) som que traz em seu interior. Até o personagem, uma espécie de Gasparzinho na puberdade, parece intrigado com a quantidade de referências desconstruídas e recombinadas pelo célebre grupo de Chicago.
3-Bauhaus – “Mask” (1981)
Em se tratando de uma das bandas góticas por excelência, nem o urso de pelúcia – concebido pelo guitarrista Daniel Ash - escapa de ser sinistro.
2-Einstürzende Neubauten – “Kollaps” (1981)
Em algum lugar eu vi que este desenho é do período Neolítico, ou algo do gênero. Possivelmente – por que não? – de alguma criança. De qualquer modo, excelente maneira de representar o brutal experimentalismo dos alemães dos quais gosto, mas cujo nome nunca, jamais saberei pronunciar.
1-Maurício Takara – “M.Takara” (2003)
A pior coisa que pode acontecer na vida de alguém é ser minha dupla no “Imagem & Ação”: sou o pior desenhista que conheço, e desafio qualquer um a me tirar deste trono. Talvez por isso me identifique com desenhos que, como este, sejam tão toscos e ao mesmo tempo transmitam alguma emoção. Neste caso, ainda é o cartão de visitas de um belo álbum. Mais legal todavia é o fato do retrato ter sido traçado durante a infância pelo irmão mais velho do artista (o também músico Daniel Ganjaman), e que o “original” foi salvo de uma definitiva lata de lixo aos 45 minutos do segundo tempo (sim, a textura de “amassado” é genuína).
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Genial, as usual.
ResponderExcluirMe diverti com o texto e desejo desde já uma feliz adaptação para o André.
Nós na Ibeji, distribuíamos pipoca, suquinhos e muita conversa aos pais que passavam a tarde entre tédio e o choro das crianças.
Bjs