terça-feira, 29 de junho de 2010

Sem Palavras


10-Red Hot Chili Peppers – “Mother’s Milk” (1989)





9-Egberto Gismonti - "Em Família" (1981)




8-Belle and Sebastian - "Tiger Milk" (1996)




7-TV On the Radio – “Return to Cookie Mountain” (2006)




6-Ian Dury – “New Boots and Panties!!” (1977)





5-Caetano Veloso - “Jóia” (1975)





4-The Afghan Whigs – “Congregation” (1992)





3-Nick Cave & The Bad Seeds – “The Good Son” (1990)





2-Sly & The Family Stone – “Small Talk” (1974)





1-Baby Consuelo – “Pra Enlouquecer” (1979)


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Separados no Nascimento: Copa do Mundo x Música



Sempre me diverti consideravelmente com as sessões “Separados no Nascimento” de algumas revistas. Deve ser porque desde pequeno gosto de procurar pessoas que se pareçam com as outras sem que tenham parentesco algum. E diante da fauna eclética de semblantes futebolísticos que invade as telas, revistas, jornais e sites durante o mês da Copa do Mundo – só de jogadores são 736, fora a matilha de técnicos, cartolas, jornalistas, etc -, não falta material humano para procurar os irmãos gêmeos desconhecidos distribuídos entre o mundo da bola e o assunto primordial deste blog, a música. Com exceção da foto aí acima, o atestado perfeito da fraternidade univitelina entre o técnico da seleção espanhola Vicente Del Bosque, e o torcedor-patrocinado brasileiro Gaúcho da Copa (não pude resistir), todos os eleitos deste Top 5 são ou do futebol, ou da música. Teste de DNA neles!

*Diagramação e pitacos na escolha das fotos: Anita Cortizas.



5-Fabio Capello (técnico da Inglaterra) x Lou Reed

Em campo e no palco, o ar de superioridade e de “não estou nem aí” seriam a maior pista congênita. Na foto, as rugas fazem o trabalho.


4-Chilavert (ex-goleiro do Paraguai) x Henry Rollins (Ex-Black Flag e Rollins Band)
Eu sei, eu sei. Chilavert já não é o arqueiro do esquadrão de nossos vizinhos há tempos – sua última Copa foi a de 2002 -, mas ele aparece aqui como homenagem aos hoje escassos folclóricos goleiros latinoamericanos, os mestres supremos da cafagestagem, das roupas e cabeleiras extravagantes, da cera e das atitudes comprometedoras e irresponsáveis. Onde estão os novos Jorges Campos? Os novos Higuitas? Viva Chilavert. E seu irmão separado no nascimento, Henry Rollins.





3-Juan (zagueiro do Brasil) x Vernon Reid (Living Colour)

Um irmão, o boleiro, saiu tão discreto que ontem no fim do segundo tempo contra a Coreia do Norte ainda não despejara sequer uma gota de suor; o outro, o guitarrista, sempre teve um visual cool e quando começa a solar na guitarra, não para mais. O olhar de peixe morto, porém, não deixa ninguém negar que, mesmo os dois tendo escolhido trabalhos diferentes, eles saíram do mesmo ventre.





2-Joseph Blatter (presidente da FIFA) x Phil Collins


Ao ver o desajeitado e sem carisma Blatter gesticulando com uma fajuta veemência ao promover a campanha educacional “One Goal” na abertura do Mundial, lembrei imediatamente de Phil Collins. Mas, convenhamos, o dirigente nem precisava ter sido tão uncool quanto o cantor para tal.



1-Rooney (atacante da Inglaterra) x Flea (Red Hot Chili Peppers)



Fico imaginando o olheiro do Everton, primeiro time de Rooney, tentando convencer o então técnico de que realmente tinha um tesouro em mãos: “este cara é habilidoso, objetivo, forte como um touro, raçudo e goleador”. O treinador, cansado da conversa mole dos garimpeiros de novos talentos, torceu o nariz. O olheiro então parou, deu uma nova olhada no jovem Wayne, e se voltou para o técnico: “você não está entendendo: você tem que contratá-lo, ele é a cara do Flea!” Negócio fechado, e Rooney deu no que deu.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Preleção



Ah.... Copa do Mundo. Há poucas, bem poucas coisas melhores do que uma Copa do Mundo. Vocês aí no Brasil já devem estar exaustos do delirante clima que toma conta do país antes e durante a mágica competição, e o Galvão inclusive já deve ter se superado no nível de insuportabilidade. Mas eu daqui de Barcelona, onde a Seleção Espanhola está longe de ser uma unanimidade – os mais radicais da facção independentista catalã chegam a torcer contra com orgulho -, estou é sentindo falta. Tanto é que resolvi vasculhar a memória afetiva dos mundiais – e bota memória afetiva nisso – em busca das “músicas das Copas” que me marcaram mais. Entre as brasileiras, que fique claro, pelo menos por hora (o vexame do New Order com o tema inglês da Copa de 1990, por exemplo, fica para um outro post). Vocês se lembrarão bem dos quase sempre ufanistas, exagerados ou até ridículos hinos verde-amarelos, mas que muitas vezes colam no inconsciente coletivo e não vão embora nunca mais. Menção sem honra para “Setenta Neles”, a chinfrim canção cantada por Gal Costa em 1986, e “Coração Verde-Amarelo”, que a Globo encomendou para 1994 e que virou o chato tema geral do futebol da emissora.




10-“Papa Essa Brasil”, de Michael Sullivan e Paulo Massadas (Copa 1990)



Apagado como a seleção que Lazaroni levou para o mundial daquele ano, na Itália – eu nunca sequer ouvira falar de que três zagueiros pudessem jogar juntos -, este jingle acabou ficando em minha memória por causa da expectativa que tinha de minha segunda Copa “consciente”. Ou seja, absorvi tudo o que tinha a ver com o torneio, inclusive a canção cujo arranjo incluía uma grotesca tarantella. Por essas e por outras merecemos a eliminação pela Argentina. Como troféu de consolação, o vídeo traz imagens boas, com golaços contra os hermanos na Copa América 1989. E a pergunta que não quer calar: por onde andarão Michael Sullivan e Paulo Massadas?










9-“O Mundo é Verde-Amarelo”, de Roberto Nascimento (Copa 1986)



Como não foi o tema principal daquele mundial, confesso que lembrava mais do vídeo. Que é todo um clássico, aliás, e ilustra muito bem a ditadura do samba e do pagode que é a Seleção Brasileira. Lá está Júnior, um puxador nato, e outros com razoável familiaridade com o ziriguidum, como Zico. Mas e os que não tinham nenhum samba do pé? Carlos, Falcão, Leão tiveram que entrar na dança igualmente, todos durões, e chegar até o final, com uma valsa-paródia em portunhol. Outro elemento precioso é a presença dos meias Dirceu, Toninho Cerezo, que logo depois seriam cortados, e o lateral-direito Leandro, que amarelaria pouco antes do embarque.










8-“É Uma Partida de Futebol”, de Samuel Rosa e Nando Reis (Copa 1998)



Não está entre minhas canções favoritas do Skank, mas cumpriu bem o papel de servir como tema da fatídica Copa de 1998, sobretudo internacionalmente. Samuel e Nando se deram bem, afinal a canção já tinha dois anos de idade e fora hit no Brasil antes de render esses gordos royalties a mais. O vídeo que encontrei não tem a ver com o mundial, mas é bacana por visitar os bastidores de um clássico entre Atlético Mineiro e Cruzeiro, os times dos integrantes da banda.










7-“Paris”, de Alberto Ribeiro e Alcy Pires Vermelho (Copa 1938)



Não me lembro agora se Rider ou Havaiana. Mas alguma marca de chinelos usou uma releitura desta marchinha, originalmente composta para a Copa de 1938 na França, quando o campeonato retornou ao país, sessenta anos depois. “Tens louras mas não tens morena” e “Paris Jê t’aime, mas eu gosto muito mais do Leme” são alguns dos versos. Confiram aqui a gravação da época, com ninguém menos que Carmen Miranda, ou o vídeo desta boa versão de Pedro Luís.










6-“Salve a Nossa Bandeira”, de Lamartine Babo (Copa 1950)



Eu e meu amigo Felipe Schermann passamos a infância, a adolescência e boa parte do que já temos de vida adulta (?) lembrando trechos da fita sobre Copas do Mundo que vinha de brinde a quem comprava videocassetes Philco em 1982. Naquele ano, o aparelho adquirido por nossos pais era o equivalente ao iPad em termos de avanço tecnológico, e Luciano do Valle, o apresentador do especial referido, ainda era magro, não tinha cabelos brancos e trabalhava para a Globo. E um dos trechos que nos deixou sequelas para sempre é a musiquinha da trágica Copa de 1950, no Brasil, composta por Lamartine Babo, o mesmo responsável pelos hinos dos clubes cariocas – reza a lenda que compôs todos em um dia - e por N marchinhas. Prestem atenção, aos 32 segundos deste trecho de documentário. Entoado com a pompa de quem acabava de inaugurar o maior estádio do mundo, retumba nos alto-falantes: “Salve o Estádio, Municipal / No Campeonato Mundial / Salve a nossa bandeira, verde, ouro e anil / Brasil, Brasil, Brasil!”.










5-“Mexicoração”, de ??? (Copa 1986)



Pois então, 1986 foi minha iniciação oficial em Copas, já que quatro anos antes ainda não sabia quem era a bola. Portanto “la mano de Dios” de Maradona, Platini isolando o pênalti, os mullets de Müller e Careca e a bola batendo na trave esquerda de Carlos (Ganso), em suas costas, e entrando, estão mais frescos em meu disco duro do que a partida de ontem contra o Zimbábue. Bem como o gol do Doutor Sócrates contra a Espanha na estréia, motivo da primeira das pouquíssimas interrupções no ato da micção – uma prática nada recomendável, todos sabem – de minha vida. Cada vez que revejo o zagueiro brutamontes Júlio César explodindo a trave de Bats na decisão de pênaltis contra a França, um filme passa em minha cabeça. E a trilha sonora é “Méxicoração”.








Ah, e falando em 1986, não dá para deixar de fora a vinheta do Arakem, o Gol-Man. Eu tinha a camiseta igual a dele. Sensacional também os cigarros Hollywood patrocinando a Copa.










4-“Um a Um”, de Edgar Ferreira (Copa 1954)



Eu não sabia, mas li num texto de 2006 do Correio Brasiliense que este baião popularizado por Jackson de Pandeiro, depois regravado por grupos como Paralamas do Sucesso, tinha sido escrito sob inspiração da Copa da Suíça. É tão bom que transcendeu sua razão inicial. “Esse jogo não pode ser um a um/ Se o meu time perder tem zunzunzum”. Antes tivesse sido 1x1 de fato o embate brasileiro com a Hungria, sensação daquele ano, nas quartas-de-finais. O esquadrão de Puskás e companhia despejou a Canarinha com um sonoro 4x2.












3- “A Taça do Mundo é Nossa” de W. Maugeri, M. Sobrinho, V. Dago e L. Muller (Copa 1958)



Foi feita somente após o triunfo de 1958, às custas de um Pelé ainda pueril. O pessoal devia estar bastante desconfiado após o desastre de 1950 e a surra húngara de 1954.










2-“Povo Feliz”, de Memeco e Nonô (Copa 1982)



Em 2003, Júnior amarelou pesadamente na hora de assumir o cargo de técnico do Corinthians, durando inacreditáveis dez dias no cargo. Mas seu passado é maior do que esta presepada. Jogou muita bola no Flamengo e na Seleção em duas Copas, e atualmente não compromete como comentarista. De quebra, ainda era um razoável intérprete de samba. Composta para o mundial da Espanha, “Povo Feliz”, ou “Voa Canarinho”, embalou a mítica Seleção da qual ele, Zico, Falcão e Sócrates faziam parte. A voz principal é do ex-lateral esquerdo e meio-campista, espécie de precursor do samba nas comemorações de gol ao anotar o terceiro tento contra a Argentina, no jogo que antecedeu a queda ante a Azurra. Estima-se que 800 mil cópias do compacto tenham sido vendidas naquela ano.










1-“Pra Frente Brasil”, de Miguel Gustavo (Copa 1970)



Essa música foi usada como propaganda da ditadura militar no Brasil, o que não é nada legal. Mas até aí a própria Seleção de 1970 foi super explorada com o mesmo fim. Nem sempre as conotações se perpetuam, e para mim, pelo menos, me vem mais à cabeça a Era Dourada ludopédica nacional do que generais torturadores quando escuto o hino. Ficou tão marcado que em 1986, no embalo da volta da Copa ao México – mesmo cenário do show brasileiro de 1970 -, a Globo readaptou o tema. Engraçado que a métrica teve que mudar para que o verso inicial atualizado pudesse ser encaixado: “Cento e Oitenta Milhões em ação” no lugar de “Noventa milhões em ação”.




terça-feira, 1 de junho de 2010

Happy Tree Friends







A última semana foi agitada e o Mala da Lista comeu barriga. As desculpas são para lá de nobres: revolução decorativa e mobiliária em casa – o Malinha da Lista não demorará em aportar por aqui – e início da temporada de festivais com o sempre ponta firme Primavera Sound (OK, um rápido top 5 shows: 5-Pavement 4-Pixies 3- Superchunk 2-Tortoise 1-Grizzly Bear).


Mas nunca é tarde para retomar o fio da meada. E, antes que vocês tenham suas caixas de entrada inundadas pelas mensagens de conscientização sobre 5 de junho, o Dia do Meio Ambiente, o blog dribla os mecanismos de spam para uma homenagem light a este nosso mundo tão, mas tão castigado. Eu deveria plantar uma árvore, mas como isso só vai acontecer depois que eu tiver um filho – pelo menos não demora... - aqui vão então as 10 melhores capas de discos com árvores.


*Menção honrosa para o Creedence Clearwater Revival, cujos três primeiros álbuns trazem capas com seus integrantes sob a sombra de árvores. Uma comovente proto-ecologia musical, mas que esteticamente deixou a desejar.



10-Sonic Youth – “Made in USA” (1986)



Mirradinha e solitária, mas com um enigmático charme extra. A arvoreta da capa é parecida com trilha de filme criada pelo quarteto novaiorquino. O detalhe ainda mais legal é que a etiqueta amarela com preço faz parte do projeto gráfico original.






9-Kassin + 2 – “Futurismo” (2006)




A visão do que parecem ser umas palmeiras em um pôr-do-sol em uma foto texturizada é bacana, embora insuficiente para sugerir o conteúdo que o encarte carrega: um dos bons discos brasileiros produzidos na última década. E cuja menção ao “cheiro de cocô e Luxi Luxo no banheiro da casa dela”, na faixa “Namorados”, não dá mesmo para deixar passar em branco. Luxi, e não Lux Luxo.






8-Milton Nascimento – “Encontros e Despedidas” (1985)




Pode parecer uma foto poética, mas quem garante que o Bituca não estava pura e simplesmente escapando para dar uma mijadinha?






7-Temptations – “All Directions” (1972)





Para o mais célebre grupo vocal da Motown, uma nova e psicodélica fase não seria traduzida apenas pela adesão às guitarras wah-wah e aos grooves hipnóticos de 12 minutos (“Papa Was a Rolling Stone” é deste álbum). Era também preciso caprichar nos panos coloridos e subir numa árvore. Não me perguntem o porquê.






6-Yoko Ono – “Plastic Ono Band” (1970)



Yoko e John (os nomes dispostos ao contrários soam estranhos, não?) já haviam posado nus numa portada. Matas selvagens em capas de discos, portanto, era com eles mesmos.






5-Passport – “Ataraxia” (1977)



Um bom exemplo de como os grupos de rock progressivo e fusion dos anos 1970 ilustravam seus trabalhos, com recursos meio fuleiros inspirados nos surrealistas. A banda gostou e voltou a usar árvores em “Garden of Eden”, de 1979.






4-Eric Clapton – “461 Ocean Boulevard” (1974)



Este foi o primeiro álbum do Clapton pós-heroína. Há quem diga que ele nunca fez mais nada que prestasse depois que largou as drogas pesadas. Não sou tão claptonmaníaco assim para me aprofundar na questão, e esse disco é classe, mas não deixa de ser uma teoria bastante engraçada. Até porque, como a capa aqui sugere, roqueiro vivendo de água de côco não dá muito pé, não.






3-Neil Young and Crazy Horse – “Everybody Knows This is Nowhere” (1969)



Outra vez, a eternização de um aparente momento relacionado a necessidades fisiológicas sendo feitas. No caso, as do cão do velho Neil. Uma imagem tão clássica quanto o impecável álbum.






2-Echo & the Bunnymen “Crocodiles” (1980)



Ávidos por realçar a atmosfera misteriosa e até certo ponto sombria de seu som, os Homens-Coelho se bateram para uma floresta inglesa à noite para criar a foto de sua bolacha de estreia. E o mais legal é que a selva parece de mentira! Ah, a magia da estética dos anos 1980...






1-Chico Buarque – “Chico Buarque de Hollanda Vol. 2” (1967)






Montanhas, Chico Buarque pós-adolescente de botas e gola alta, o violão a postos. Árvore provendo sombra, riozinho entrando com a água fresca. Nascia o mito do Don Juan da música brasileira.