“Minha vida ficou menor depois que fiquei famoso”.
Ao voltar pela milésima vez, em entrevista coletiva, ao assunto da
traição cometida por sua namorada atriz Kristen Stewart com o diretor Rupert Sanders,
o ator Robert Pattinson resumiu os desabafos entalados nas goela de muitas
celebridades.
Afinal, será que vale mesmo a pena tornar-se famoso a ponto de que as
idas e vindas de nossa vida pessoal sirvam de “conteúdo” para revistas,
jornais, sites, blogs, tuits e semelhantes?
Tão caçados quanto estrelas de Hollywood, popstars assinariam embaixo ao
manifesto improvisado do humilhado vampiro. Na verdade, eles já fizeram isso com
um farto repertório de canções a respeito da hediondez dos paparazzi, ou
simplesmente sobre o quão inconveniente pode ser esta faceta da fama alimentada
pela cultura do sensacionalismo.
Enquanto as feições pálidas de Robert se recuperam do sangue perdido
durante os meses de sucção de privacidade, e Kristin lhe faz ridículas juras
públicas de amor, lanço aqui um Top 10 com as melhores músicas sobre paparazzi,
tabloides e outras pedras no sapato dos famosos.
*“Paparazzi”, de Lady Gaga, é ruim e fica de fora.
10-Queen – “Scandal” (1989)
“Querem tornar sua vida em um freakshow”. Desta forma, o Queen
simultaneamente mandava às favas a imprensa marrom por especular em torno do
divórcio de Brian May e fofocar sobre a saúde de Freddy Marcury, que então já
portava o HIV, mas sem revelá-lo.
9-Racionais MC’s – “A Vítima”
(2002)
Não está entre os clássicos dos Racionais, mas se
enquadrada na categoria de raps do quarteto em que o ouvinte aguarda a próxima
linha como em um relato policial. Edi Rock conta o episódio de quando se
envolveu em um acidente que resultou em vítima fatal, e como a imprensa
explorou os fatos: Virei notícia,
primeira página/ Um paparazzi focalizou a minha lágrima/ Um repórter da Globo me insultou/ Me chamava de assassino, aquilo inflamou/ Tumultuou, nunca vi tanto carniceiro/ Me crucificaram,me julgaram no país inteiro
8-Wire – “12XU” (1977)
No melhor estilo haikai da banda pós-punk inglesa: Te vi em uma revista/ Beijando um cara /Tenho você encurralada.
7-Kanye West – “Flashing Lights” (2007)
O bom clipe, no qual uma gostosa sequestra
Kanye, o amordaça em um porta-malas e o dilacera com uma pá, ajuda a entender.
Segundo a letra, West foi pego no pulo com uma amante por um fotógrafo
sorrateiro: Até que fui clicado por um
paparazzi/ Caramba, estes “niggas” me pegaram/ Eu odeio mais estes “niggas” do
que um nazi.
6-Rush – “Limelight” (1981)
Quase tão comentada quanto os dotes baterísticos de Neil Peart é a sua
total incapacidade de lidar com o assédio dos fãs e com a própria notoriedade. A
fama realmente lhe incomoda e ele, letrista da banda, fez questão de escrever
sobre isso: Escalado para este papel
incomum/ Sem recursos para atuar/ Sem tato suficiente/ Há de se colocar
barreiras /Para permanecer intacto.
5-Michael Jackson – “Leave me Alone” (1987)
Já lá atrás, há 25 anos, Michael lidava com a presença massacrante dos
tablóides. Sendo assim, mesmo que a letra da canção pareça direcionada a uma ex-namorada
que não sai da bota, o clipe - claramente inspirado peor Sledgehammer”, de
Peter Gabriel -, lhe dá esta conotação de fobia sensacionalista. “Stop dogging
me around”, pede Jacko, enquanto dribla manchetes de tablóides e adentra uma
enorme boca com o carrinho de montanha-russa - que caminha por dentro dele
mesmo, como descobrimos ao final.
4-Roberto Silva – “Jornal da
Morte” (1961)
Em uma música na qual figura a estrofe “tresloucada,
seminua, jogou-se do oitavo andar, porque o noivo não comprava maconha para ela
fumar” é difícil uma outra frase se destacar. Mas o sensacionalismo – atingindo
outra espécie de famoso, a dos bicheiros - ainda é melhor descrito em partes
como “um escândalo amoroso, com retratos do casal,
um bicheiro assassinado, em decúbito dorsal”. Samba de autoria de Miguel Gustavo,
regravado em versão pedrada da Nação Zumbi em 2000.
3-Tom Zé, Gilberto Gil, Gal Costa
e os Mutantes – “Parque Industrial” (1968)
Outro cântico verdadeiramente recheado de versos imperdíveis – pudera,
foi escrito por Tom Zé -, e que chega ao ápice com “a revista moralista traz uma
lista dos pecados da vedete”. Para esta releitura no VMB 1999, o time original mudou um pouco: sai Gal e entra Caetano, e Rita representa os Mutantes.
2-David Bowie – “Fame” (1975)
“A fama faz um homem repensar as coisas”. Com vocês, a visão do que era
ser uma celebridade em 1975, por Bowie e seu novo amigo John Lennon. Apresentada em grande estilo no mitológico programa de black music"Soul Train".
1-R.E.M. – “Bad Day” (2003)
Na primeira linha, Michael Stipe já conta que “um serviço de anúncios públicos
me seguiu até em casa outro dia”. Os resmungos vão se acumulando para explodirem
no refrão em tom de súplica aos paparazzi imperdoáveis: It’s been a bad day/ Please don’t take a picture.
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