segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Songs for the Paparazzi


Kristen Stewart e Robert Pattinson flagrados por paparazzi: playlist  para os pombo-vampiros

“Minha vida ficou menor depois que fiquei famoso”.

Ao voltar pela milésima vez, em entrevista coletiva, ao assunto da traição cometida por sua namorada atriz Kristen Stewart com o diretor Rupert Sanders, o ator Robert Pattinson resumiu os desabafos entalados nas goela de muitas celebridades.

Afinal, será que vale mesmo a pena tornar-se famoso a ponto de que as idas e vindas de nossa vida pessoal sirvam de “conteúdo” para revistas, jornais, sites, blogs, tuits e semelhantes?

Tão caçados quanto estrelas de Hollywood, popstars assinariam embaixo ao manifesto improvisado do humilhado vampiro. Na verdade, eles já fizeram isso com um farto repertório de canções a respeito da hediondez dos paparazzi, ou simplesmente sobre o quão inconveniente pode ser esta faceta da fama alimentada pela cultura do sensacionalismo.

Enquanto as feições pálidas de Robert se recuperam do sangue perdido durante os meses de sucção de privacidade, e Kristin lhe faz ridículas juras públicas de amor, lanço aqui um Top 10 com as melhores músicas sobre paparazzi, tabloides e outras pedras no sapato dos famosos.

*“Paparazzi”, de Lady Gaga, é ruim e fica de fora.

10-Queen – “Scandal” (1989)

“Querem tornar sua vida em um freakshow”. Desta forma, o Queen simultaneamente mandava às favas a imprensa marrom por especular em torno do divórcio de Brian May e fofocar sobre a saúde de Freddy Marcury, que então já portava o HIV, mas sem revelá-lo.


9-Racionais MC’s – “A Vítima” (2002)

Não está entre os clássicos dos Racionais, mas se enquadrada na categoria de raps do quarteto em que o ouvinte aguarda a próxima linha como em um relato policial. Edi Rock conta o episódio de quando se envolveu em um acidente que resultou em vítima fatal, e como a imprensa explorou os fatos: Virei notícia, primeira página/ Um paparazzi focalizou a minha lágrima/ Um repórter da Globo me insultou/ Me chamava de assassino, aquilo inflamou/ Tumultuou, nunca vi tanto carniceiro/ Me crucificaram,me julgaram no país inteiro


8-Wire – “12XU” (1977)

No melhor estilo haikai da banda pós-punk inglesa: Te vi em uma revista/ Beijando um cara /Tenho você encurralada.


7-Kanye West – “Flashing Lights” (2007)

O bom clipe, no qual uma gostosa sequestra Kanye, o amordaça em um porta-malas e o dilacera com uma pá, ajuda a entender. Segundo a letra, West foi pego no pulo com uma amante por um fotógrafo sorrateiro: Até que fui clicado por um paparazzi/ Caramba, estes “niggas” me pegaram/ Eu odeio mais estes “niggas” do que um nazi.




6-Rush – “Limelight” (1981)

Quase tão comentada quanto os dotes baterísticos de Neil Peart é a sua total incapacidade de lidar com o assédio dos fãs e com a própria notoriedade. A fama realmente lhe incomoda e ele, letrista da banda, fez questão de escrever sobre isso: Escalado para este papel incomum/ Sem recursos para atuar/ Sem tato suficiente/ Há de se colocar barreiras /Para permanecer intacto.


5-Michael Jackson – “Leave me Alone” (1987)

Já lá atrás, há 25 anos, Michael lidava com a presença massacrante dos tablóides. Sendo assim, mesmo que a letra da canção pareça direcionada a uma ex-namorada que não sai da bota, o clipe - claramente inspirado peor Sledgehammer”, de Peter Gabriel -, lhe dá esta conotação de fobia sensacionalista. “Stop dogging me around”, pede Jacko, enquanto dribla manchetes de tablóides e adentra uma enorme boca com o carrinho de montanha-russa - que caminha por dentro dele mesmo, como descobrimos ao final.


4-Roberto Silva – “Jornal da Morte” (1961)

Em uma música na qual figura a estrofe “tresloucada, seminua, jogou-se do oitavo andar, porque o noivo não comprava maconha para ela fumar” é difícil uma outra frase se destacar. Mas o sensacionalismo – atingindo outra espécie de famoso, a dos bicheiros - ainda é melhor descrito em partes como “um escândalo amoroso, com retratos do casal, um bicheiro assassinado, em decúbito dorsal”. Samba de autoria de Miguel Gustavo, regravado em versão pedrada da Nação Zumbi em 2000.


3-Tom Zé, Gilberto Gil, Gal Costa e os Mutantes – “Parque Industrial” (1968)

Outro cântico verdadeiramente recheado de versos imperdíveis – pudera, foi escrito por Tom Zé -, e que chega ao ápice com “a revista moralista traz uma lista dos pecados da vedete”. Para esta releitura no VMB 1999, o time original mudou um pouco: sai Gal e entra Caetano, e Rita representa os Mutantes.



2-David Bowie – “Fame” (1975)

“A fama faz um homem repensar as coisas”. Com vocês, a visão do que era ser uma celebridade em 1975, por Bowie e seu novo amigo John Lennon. Apresentada em grande estilo no mitológico programa de black music"Soul Train".




1-R.E.M. – “Bad Day” (2003)


Na primeira linha, Michael Stipe já conta que “um serviço de anúncios públicos me seguiu até em casa outro dia”. Os resmungos vão se acumulando para explodirem no refrão em tom de súplica aos paparazzi imperdoáveis: It’s been a bad day/ Please don’t take a picture.



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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Caras Pintadas


Foto: Next Movie

Agosto de 1992 ficou conhecido como o mês da explosão do chamado Movimento dos Caras Pintadas, fenômeno jovem que – obviamente - não foi o causador direto do impeachment de Fernando Collor de Mello, mas pelo menos contribuiu em algo.

E, mais do que isso, acabou sendo a última vez em que os politicamente passivos brasileiros levantaram a bunda da cadeira para protestar, de forma minimamente contundente e organizada.

De lá para cá, infelizmente pouco mudou em nossa cultura de corrupção, vide o Mensalão, que começou a ser julgado ontem. O que não impede este blog de prestar sua homenagem aos 20 anos dos Caras Pintadas com um Top 10 capas de disco ilustradas pelos... bem, os Caras Pintadas da música.

*Só entram na lista os “maquiados de ocasião”. Ou seja, não valem artistas que passaram a carreira com a face oculta por cosméticos, como Alice Cooper, Kiss, King Diamond, Marilyn Manson e os inventores de tudo isso, Secos & Molhados.

10-Luiz Melodia – “Retrado do Artista Quando Coisa” (2001)


Alguém precisa avisar Melodia que seu talento e originalidade se garantem e dispensam qualquer forçação de barra como esta foto (e este título terrível).


9-The Kinks – “Sleepwalker” (1977)


Tampouco está à altura da importância dos Kinks esta imersão de Ray Davies pelo mundo dos “Sombras”.


8-Ney Matogrosso – “Destino de Aventureiro” (1984)


A coisa começa a melhorar aqui, com a mistura de suor, purpurina e batom de nosso herói glam. Extravagância em encartes é com ele, aliás.


7-Frank Zappa – “Joe’s Garage” (1979)


O encontro amoroso entre o esfregão e o Zappa versão negra antecipou em três décadas a máxima do “o tosco é o novo cool” de Marcelo Adnet...


6-Otto – “Condom Black” (2001)


...e inspirou Otto


5-Peter Gabriel – “Plays Live” (1983)


Para quem passara uma década tocando com bizarras máscaras à frente do Genesis – sem avisar os companheiros de banda -, até que a versão maquiada do Gabriel solo era bem light.


4-The Art Ensemble of Chicago – “Chi Congo” (1970)


Meda? Espere até escutar os solos coletivos de metais e percussão que ocupam esta radical meia hora de free jazz.


3-Caetano Veloso – “Muitos Carnavais” (1977)


Fino close em Caê no espírito Samba, Suor e Cerveja, flagrado por João Castrioto, autor de retratos de outras capas clássicas do baiano, como a do LP “Qualquer Coisa” (1975).


2-The GO-Go’s – “Beauty and The Beat” (1981)


Poucas portadas da new wave – sempre instigante esteticamente - saíram tão boas como esta.


1-David Bowie – “Aladdin Sane” (1973)


Não só Harry Potter – em série criada pelo site Next Movie - parodiou a imagem do então novo personagem criado por Bowie, uma evolução do famoso Ziggy Stardust. O inconfundível raio azul e vermelho foi parar também na face de Hommer Simpson e, em sua versão original, pode ser encontrado em capas de celular, bonecos e até em uma camiseta no guarda-roupa da Sarah Jessica Parker.

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