quinta-feira, 19 de julho de 2012

Olímpicas capas




O que seria dos Jogos Olímpicos sem o ímpeto acrobático de certos seres humanos? Saberíamos quem foram Saïd Aouita, Elena Shushunova, João do Pulo?

O mesmo ocorre em algumas clássicas capas de disco marcadas por estripulias corporais dos próprios artistas. Não tivessem eles se aventurado em posições e ângulos tão inusitados, estas portadas seguramente não entrariam para a história como de fato fizeram. Ou pelo menos para mim.

Enquanto espera a edição londrina do megaevento esportivo, a começar no próximo dia 27, o Mala da Lista alonga a panturrilha em prevenção à poltronite aguda, flexiona o antebraço contra luxações em abertura de geladeira e medita sobre o assunto.

O resultado começa por aqui, as 10 melhores capas de álbuns acrobáticas estreladas pelos autores. (Quem quiser conhecer o Top 5 capas com os que, de fato, pousaram fazendo esporte, que clique aqui).

10-The Isley Brothers – “Shout!” (1959)


É bom saber que nem todo músico quebra espinha saltando e dobrando as pernas assim.


9-Moby – “Play” (1999)


Trata-se na verdade de um flashforward do popstar eletrônico recebendo notícia de que a bolacha rendera disco de platina em mais de 20 países.


8-Vanusa – “Vanusa” (1969)


Ela é pura vanguarda. Muitíssimo antes de oferecer à pátria releituras no wave do Hino Nacional, se aventurava na ginástica rítmica com fitas.


7-Jackie Wilson – “He’s So Fine” (1958)


Para quem, há mais de meio século, ordenava às massas “Baby Workout”, até que os movimentos de Jackie aqui são suaves. O fã Michael Jackson lhe chupinaria a maioria dos passos.


6-Massarock – “Massarock” (2010)


Artes marciais e dub são possivelmente as atividades mais antagônicas que alguém possa realizar simultaneamente. Ou não, como sugere esta jamaico-paulistana.


5-Sly & the Family Stone – “Fresh” (1973)


Ainda na mesma pegada, contemplemos o voo do insano Sly rumo ao ambulatório. A combinação é batata: funk, kung fu e sapatos de plataformas.


4-Fishbone – “Fishbone” (EP – 1985)


Compartir um pardieiro com Angelo Moore, Walter “Dog King of The Freaks” A. Kibby II e companhia na Los Angeles das gangues, em meados dos anos 1980, não era das experiências mais recomendáveis para não-atletas.


3-Madness – “One Step Beyond” (1979)


Igualmente complicado era ser um destes londrinos. E com a obrigação de se desdobrar sempre trajando terninho.


2-Fugazi – “Fugazi” (EP – 1988)


Os fãs de Fugazi, que são como uma seita, ainda sonham com os shows da cultuada banda de Washington D.C.. Afinal, não raro terminavam assim.


1-Grace Jones – “Island Life” (coletânea oficial - 1985)


Não basta antecipar a Mulata Globeleza em uma década. É preciso fazê-lo em uma perna só.

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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Minha Vida, Minha História, Meu Amor


A caráter, o Mala da Lista posa para Anita

“Dani, acho que foi um presságio: quando você não estava aqui, o André foi ao nosso quarto e voltou correndo com a chupeta do Corinthians na mão, tentando tirá-la do pacote”.

A noite do primeiro título corintiano na Libertadores, que terminaria às seis da manhã com este blogueiro transfigurado, bêbado, enrolado numa bandeira preta e branca, uivando rouco e solitário sobre uma bicicleta em cruzeiro pelas ruas de Barcelona, não poderia ter começado com melhores vibrações.

Minha amada Anita, respeitabilíssima sãopaulina, confirmava as tendências alvinegras 0% forçadas de nosso filhinho de dois anos – tão pouco impostas que a chupeta estava fechada, esperando ser procurada. Confirmava, também, sua mediúnica capacidade de prever conquistas (ela mesma tinha me dito lá pelas oitavas ou quartas de final: “o Corinthians será campeão”, e em 2005 antevira o caneco do seu time bem antes da hora).

Este post, que traz a primeira lista republicada do Mala da Lista, é 100% mística futebolística. Vivi esse campeonato sul-americano tão intensamente, varando ou interrompendo a solavancos 12 madrugadas (os jogos começavam às 3 da manha da hora espanhola, e às 8 o André levanta para ir à escolinha) que só agora me dei conta que o blog completa três anos de idade exatamente... HOJE (os outros post de aniversário são este e este).

Que 5 de julho mais feliz.

Dedico o ranking abaixo, de melhores músicas sobre o Corinthians – originalmente publicado em 5 de dezembro de 2011, para celebrar nosso pentacampeonato brasileiro - ao André e a meus companheiros de sofrimento e êxtase na finalíssima capturada em trêmulas transmissões online: meu pai Ricardo, meu amigo Mário e minha irmã Adriana.

Especialmente ela, Adri, o talismã da Fiel, que na sua primeira ida a um estádio, em 1987, iluminou o Coringão em um massacre por 5 a 1 sobre o Santos. Eu passara meus primeiros dois anos de estádio (1985-1987) vendo meu time perder. Mas com ela lavaria a alma, ao lado de um pai em transe, em sua primeira - e provavelmente última -aparição em público de camisa aberta, a voz reduzida a um fio gutural de tanto xingar o uruguaio Hugo De León. Aquele jejum acabara.

Como todos os jejuns um dia acabam.

10-Jackson do Pandeiro – “Bola de Pé em Pé” (1981)
A música em princípio era sobre o Flamengo, mas o Rei do Ritmo não resistiu:
Em São Paulo eu sou Corinthians,Eu adoro o Timão
por que será que eu gosto de sofrer?
Vai ver que agora eu dei pra masoquista
Meu amor branco e preto
Às vezes me deixou na mão.



9-Negra Li e Rappin’ Hood – “Sou Corinthians” (2010)
No centenário, um verdadeiro beabá de guerreiros e suas proezas:
O gol de Viola/O chute de Basílio/ A classe do Doutor e a fé de Marcelinho

8-Xis – “Chapa o Côco” (2001)
Clássico, Timão contra us porco/ Eu vou pru estádio/ Na vitória na derrota eu to do mesmo lado

7- Demônios da Garoa – “Coríntia (Meu Amor é o Timão)” (???)
Adoniran Barbosa, o autor da canção, prestava também sensacional tributo à Zona Leste de São Paulo:
Como é bom ser alvinegro/ ontem, hoje e amanhã /Respirar o ar mistura /Do Tietê a Tatuapé

6-Branca de Neve – “Garra Corintiana” (1989)
Composta com um cidadão chamado Luiz Carlos Xuxu:
Vai, vai, vai/ São Jorge vai nos ajudar
Vai, vai, vai/ São Jorge também vai jogar

5-Rita Lee – “Amor em Preto e Branco” (1972)
Com Arnaldo Baptista, a tortura do jejum sem títulos:

4-Paulinho Nogueira e Toquinho – “20 Anos de Espera” (1974)
Antes do “Vai Corinthians” houve o “Ai Corinthians” de quem esperou 23 anos por um caneco:
Quantos domingos sombrios / Eu, eterno sonhador /Chegava em casa arrasado / Maltratava o meu grande amor

3-Gilberto Gil – “Corintiá” (1984)
Gil sabe o suficiente de futebol:
Ser corintiano é decidir/ Que todo ano a gente vai sofrer /Se enrolar no pano da bandeira/ E reclamar se o time não vencer

2-Sílvio Santos – “Transplante Corintiano” (1968)
É, tem sim algo mais corintiano do que a sede ser na Marginal Tietê: o Sílvio Santos cantando uma marchinha de carnaval sobre o time (composta por Ruth Amaral, Manoel Ferreira e Gentil Junior)
Doutor, eu não me engano / Meu coração corintiano

1-Toquinho – “Corinthians do Meu Coração” (1983)
Diretamente do navio do centenário. E salve-se quem puder:
Corinthians do meu coração / Tu és religião de janeiro a janeiro / Ser corintiano é ser além/ De ser ou não ser o primeiro
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